O sucesso na pecuária leiteira não acontece por acaso

A produtividade média da fazenda leiteira no Brasil não ultrapassa 3.500 l/ha/ano, frente a um potencial dez vezes maior

A baixa produtividade é um dos principais indicativos de como a atividade leiteira é conduzida de maneira ineficiente nas propriedades brasileiras. Sem a aplicação de conceitos básicos ligados à produção e à gestão do negócio, grande parte das fazendas produtoras vive em situação de penúria, na eterna dependência da melhoria nos preços pagos pelo leite. Tal cenário tem como origem a negligência na aplicação de conhecimento básico nas áreas de nutrição e de manejo dos rebanhos, que acabam por ocasionar um baixo desempenho produtivo e um cenário de ineficiência reprodutiva em uma atividade onde as vacas necessitam parir para produzir. Além da falta de aptidão dos animais utilizados para a produção de leite, o uso ineficiente da terra, com origem na falta de correção e adubação do solo, que impede uma adequada produção de forragem para a manutenção de uma quantidade maior de vacas nas fazendas, também colabora para essa situação de baixa eficiência.

Oriunda dessa ineficiente interação entre o baixo desempenho animal e a pouca exploração do potencial produtivo da terra disponível para a atividade, a produtividade média da fazenda leiteira no Brasil não ultrapassa os 3.500 litros/ha/ano, frente a um potencial produtivo cerca de dez vezes maior. Com uma produtividade tão baixa é natural que a atividade leiteira não consiga competir com outras atividades do meio rural quando se analisa a rentabilidade de cada negócio, principalmente com aquelas atividades ligadas à agricultura, que comumente avançam sobre as áreas de pecuária, absorvendo áreas antes utilizadas pelo leite e o corte.

O indicador “Margem/ha/ano”, obtido da multiplicação da produtividade da atividade (litros/ha/ano, @/ha/ano, sacas/ha/ano, t/ha/ano) pela margem de lucro de cada unidade produzida (obtida pela diferença entre o preço de venda do produto e o seu custo de produção), nos permite comparar o desempenho econômico de uma atividade com a outra, pois considera o ganho por área (R$/ha/ano) como base de comparação.

Margem

Como exemplo, podemos estimar qual seria a “Margem/ha/ano” da fazenda média brasileira que produz ao redor de 3.500 litros/ha/ano caso ela obtivesse uma margem de lucro de R$ 0,20/litro de leite produzido. Nesse caso, a multiplicação da produtividade (3.500 litros/ha/ano) pela margem de lucro por litro de leite produzido (R$ 0,20) resultaria em uma “Margem/ha/ano” de R$ 700/ha/ano, ou seja, para cada hectare explorado na atividade durante o ano, o produtor obteve um ganho de R$ 700 neste mesmo período. Para uma situação de melhoria da produtividade e/ou de maior margem por litro produzido, o desempenho da atividade seria melhor em termos econômicos.

Grande parte das propriedades leiteiras que recebem acompanhamento técnico da Cooperideal, em especial aquelas com maior tempo de acompanhamento, possuem produtividades superiores a 20.000 litros/ha/ano, obtendo margens superiores a R$ 6.000/ha/ano, desempenho que as coloca em condições de serem comparadas com as melhores fazendas produtoras de milho e soja do país, demonstrando que em um adequado patamar de eficiência a atividade leiteira é altamente lucrativa e competitiva. Transformar uma atividade inicialmente ineficiente na utilização de seus fatores de produção e colocá-la em condições de competir com uma agricultura altamente tecnificada exige trabalho duro, pois o sucesso não acontece por acaso.