‘Mercado da soja terá um ano interessante’, diz especialista

Durante evento que aconteceu em Campo Novo (RS), consultor de mercado Vlamir Brandalizze fez uma análise completa do que pode influenciar os preços da soja nesta safra

Durante o Fórum Soja Brasil desta quinta-feira, dia 13, que aconteceu dentro da feira Expoagro, da Cotricampo, foi destacado os cenários para o comércio da soja no país e os impactos que crises como o surto de coronavírus pode trazer.

O auditório estava, mais uma vez, completamente lotado. Não à toa, pois contava com a presença de palestrantes renomados como o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, engenheiro agrônomo e especialista em mercados agrícolas da Brandalizze Consulting, Matheus Pereira, diretor da consultoria ARC e Ramón Ortellado, secretário Executivo do Bloco de Intendentes, Prefeitos e Alcaldes do Mercosul (Bripaem).

A palestra principal contou com uma análise bastante completa do consultor Vlamir Brandalizze, sobre os rumos dos preços da soja no Brasil e no mundo, levando em consideração os impactos do coronavírus, das negociações entre China e Estados Unidos e eleições.

O consultor abriu sua apresentação dizendo que o país terá um ano difícil, devido a crises internacionais, tensões de mercado, eleições no Brasil e Estados Unidos, entre outros problemas. Mas acredita que isso trará oportunidades para o mercado da soja.

“A crise do Irã, no começo do ano, foi a primeira crise. Agora veio o coronavírus, que trará impactos ao mercado da soja, mas não do tamanho e proporção que alguns estão pregando. Acredito que estes problemas serão resolvidos logo e, tudo voltará a andar normal”, afirma.

Para o especialista, não há motivos para o Brasil se preocupar em relação a venda de seus grãos, principalmente a soja, pois com o crescimento da população e melhora no poder aquisitivo, a demanda segue aquecida.

“De 1840 até 1960 a previsão era de que a população mundial chegaria a 2 bilhões de pessoas, no entanto chegou a 3 bilhões ali. Em 2000 saltou para 6 bilhões e hoje são 7,7 bilhões. A ONU acredita que chegaremos aos 10 bilhões em 2050, mas eu acho que aumentaremos isso antes, em 2035, no máximo”, afirma Brandalizze.

Na opinião do consultor de mercado, tudo isso leva a uma produção maior de alimentos no mundo, mas sempre em um ritmo mais lento que o crescimento de população.

“A demanda por alimentos está crescendo mais rápido que a produção. Segundo o USDA, o consumo de alimentos no mundo deve chegar a 2,7 bilhões de toneladas este ano, ou seja, a produção de soja e milho atual será menor que o consumo mundial, consumido os estoques”, prevê. “Com isso as cotações terão um cenário mais favorável e o mercado da soja terá um ano interessante.”

Reflexos para o Brasil

Os principais países produtores do mundo não tem mais área para crescer, comentou Brandalizze e, o Brasil que poderia ampliar bastante suas área, está as voltas e engessado com as leis ambientais.

“O Brasil, como maior produtor e exportador de grãos, se tornou a vidraça do mundo e o produtor brasileiro será cada vez mais cobrado para produzir mais, de maneira sustentável e com menos recursos naturais”, ressalta.

Para entender melhor as perspectivas para o mercado da soja no Brasil o analista separou alguns dados:

  • O Brasil deve colher algo em torno de 124 milhões de toneladas de soja, contra as 119 milhões de toneladas do ano passado;
  • As exportações deste ano podem chegar a 75 milhões de toneladas, contra 78 milhões do ano passado;
  • Para a produção de biodiesel, o Brasil destinará 25 milhões de toneladas de soja para o esmagamento, que irão gerar 5,1 bilhões de litros de óleo;
  • Para a produção de farelo, o Brasil destinará 16 milhões de toneladas de soja para processamento
  • Outras 3 milhões de toneladas de soja serão destinadas para a produção de oleo para consumo humano, totalizando um consumo total de 44 milhões de toneladas de soja.

“Na questão do biodiesel o Brasil foi do B10, para o B11 e por isso precisaremos de mais ou menos 600 milhões de litros de óleo de soja a mais para essa mistura. O Brasil deve fechar o ano com um estoque inferior a 3 milhões de toneladas, justamente pelo aumento no consumo interno e nas exportações. Isso será bom para os preços, pois já estamos consumindo a safra nova”, afirma Brandalizze.