Grãos e abacate, uma dobradinha lucrativa

Imagine uma lavoura de soja com centenas de abacateiros plantados nas curvas de nível

É assim a propriedade da família Castro, em Assaí, a 40km de Londrina. São cerca de 700 pés em diferentes idades, desde os mais antigos até os que foram plantados recentemente.

Pioneiro – Pioneiro no cultivo comercial da fruta no município há cerca de 25 anos, o cooperado Wilson Fernandes de Castro, 53, colhe agora – literalmente – os frutos de sua decisão acertada. Na propriedade de 40 alqueires (96,8 hectares), os 700 pés respondem por 40% do faturamento e os 60% restantes ficam por conta da soja. Passando na sexta-feira (8/11) por Assaí, o Rally Cocamar de Produtividade foi visitar o local.

Valorização – Com mercado garantido, o abacate é uma das frutas que mais se valorizaram nos últimos anos, por ser versátil na gastronomia, saudável e saborosa. Diante do rendimento alcançado por Wilson, vários outros produtores da região se animaram a apostar na cultura. Mas não é tão simples.

Excelente negócio – “Para o pequeno produtor é um excelente negócio”, afirma Wilson, assinalando que há vários pontos a serem observados para que o investimento dê certo. Ele começou plantando 300 abacateiros e, motivado pelo retorno, foi ampliando o pomar e sua meta é chegar a mil pés nos próximos anos.

Lucro – Os números demonstram o quanto um pomar de abacates é lucrativo. Cabem 100 árvores em um hectare, no espaçamento 10 x 10m; a produção inicia no quinto ano e atinge a fase plena no oitavo, quando se colhe em média 15 caixas (400 quilos) por pé, cotados atualmente a R$ 1,20 o quilo. Corroboram para a rentabilidade o baixo custo de produção – que exige apenas uma adubação normal a cada ano – e o controle rotineiro de antracnose e da broca da fruta, os problemas mais comuns.

Autodidata – Segundo Wilson, por falta de orientação técnica especializada, ele teve que aprender com as próprias experiências, no dia a dia.

Plantio – Uma recomendação sua é que, apesar de ser uma árvore rústica, o abacateiro requer alguns cuidados, a começar pelo plantio, em que as mudas precisam ser protegidas do ataque de formigas cortadeiras e lebres. Além disso, são vulneráveis ao sol forte e 50% acabam perecendo depois de plantadas.

Enxertia – Para tentar evitar a perda dos materiais com a insolação, Wilson produz as próprias mudas e faz também a enxertia, recorrendo a mudas de abacateiros rústicos para servirem de porta-enxerto, plantadas com antecedência para que se adaptem ao ambiente. A enxertia é feita com quatro variedades: geada, de ciclo precoce (produz de dezembro a fevereiro), quintal, a preferida do mercado (com colheita de fevereiro a maio), breda (colhida no final de maio) e margarida, a mais tardia (cujos frutos amadurecem de junho a agosto). Outra recomendação: ao planejar o pomar, o ideal é que ele fique próximo à casa do morador, para inibir furtos.

Herbicida e solo – De acordo com Wilson, mesmo as árvores maiores apresentam sensibilidade ao herbicida 3.4D e o pomar pode ser contaminado se um vizinho aplicar o produto costumeiramente. Outras limitações para o abacateiro, segundo o produtor, está no tipo de solo, que precisa ser profundo e de qualidade, sem pedras nas camadas inferiores, para o desenvolvimento do sistema radicular. Por fim, na colheita, evitar que os frutos sofram danos para que não sejam rejeitados pelos compradores.

Cotação – Wilson lembra ainda que a cotação do quilo do abacate oscila bastante, mas o pomar não deixa de ser rentável em razão do seu baixo custo. O abacateiro resiste bem a secas e geadas e possibilita produção ao longo de 25 anos, quando a árvore entra em declínio e deve ser substituída. As floradas acontecem nos meses de setembro e outubro.

Destino – Quase sempre, metade da produção de Wilson segue para uma rede de supermercados e a outra metade para o Ceasa, em Curitiba. Nas gôndolas, um quilo de abacate pode sair a R$ 8,00 para o consumidor.

Soja – Em relação à soja, a produção média tem ficado ao redor de 140 sacas por alqueire (57,8/hectare).