Aprosoja Brasil pede fim da Moratória da Soja na Amazônia

Segundo entidade, produtores da região são prejudicados e impedidos de abrir novas áreas dentro da lei, que deveria retaliar apenas quem desmata de forma ilegal.

O presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, apresentou ao presidente da República, Jair Bolsonaro, um pedido para ajudar a acabar com a Moratória da Soja na Amazônia. A medida é um acordo entre entidades privadas para estimular o combate ao desmatamento na região e está em vigor desde 2006. Com ele, a indústria se comprometeu a não adquirir soja produzida em área aberta de forma ilegal. Ele destacou que confia na extinção desse pacto ambiental.

Segundo Braz, produtores de soja da região da Amazônia Legal são prejudicados e impedidos de abrir novas áreas dentro da lei (mantendo 80% de reserva legal) por causa da moratória, que deveria retaliar apenas quem desmata de forma ilegal.

“Pedimos para acabar com qualquer iniciativa de moratória, inclusive a da Amazônia. Acho que temos que respeitar as nossas leis e o produtor que produz dentro das leis brasileiras deve ser respeitado. O nosso cliente que vai comprar tem que conhecer melhor nosso sistema de lei. Já somos um país sustentável, tanto econômica como ambientalmente. Acredito que vamos de uma vez por todas acabar com essas ideologias, com empresas que ganham em cima do produtor”, afirma Braz.

Ele afirmou que agricultores que atuam na legalidade são colocados em uma lista suja da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que compra quase todo o grão produzido. Com isso, a indústria deixa de adquirir a produção feita de forma legal.

“Temos produtores que foram incluídos em lista privada composta pela Abiove, representa quase 85% da compra da nossa soja. Vimos que isso cabe até um recursos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), se caso isso permanecer. Mas acreditamos que eles têm que entender que estão comprando do Brasil e tem que respeitar a nossa produção, que é sustentável, não precisa mais do que isso para o mercado europeu, precisa passar uma imagem diferente do que foi passada anteriormente”, diz Braz.

Braz ressaltou que a moratória prejudica a imagem do país e do setor, além de impedir o desenvolvimento da produção, afirmando que os sojicultores querem e defendem apenas o cumprimento da lei. “Estamos produzindo dentro da lei. Aquele que faz contra lei, que desrespeita a lei, deve ser punido. Mas também que aceitem nossos produtos, que não interfiram na nossa produção dentro da lei nacional”, afirma.

No início da semana, o governador do Pará, Hélder Barbalho, afirmou que existem cerca de 25 milhões de hectares que podem ser abertos dentro da lei no estado. Isso ajudaria a expandir a produção de grãos estadual e o aumento do rebanho bovino, passando a ser o maior do país. Apesar da previsão legal, produtores temem retaliações e demoram a receber autorizações dos órgãos ambientais para o desmatamento.