O agro fala. Você entende!

Possível falta de milho em 2020 já preocupa setores do agronegócio

Faesc alerta para baixa oferta do cereal no próximo ano, possibilidade de importação de grãos do Paraguai e Argentina e aconselha produtores de suínos e frangos para armazenar milho neste momento, para escapar da dificuldade de 2020.

De acordo com o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, é possível que falte milho para atividades do setor de agronegócio no ano que vem.

A possível crise, já identificada pela federação em setembro deste ano, pode impactar, principalmente no setor de produção de aves e suínos, já que o cereal é o principal componente da ração. A consequência disso seria nos custos de produção aumentando, justamente em um momento próspero para a venda das proteínas animais no exterior.

Segundo Barbieri, em agosto, quando houve um embarque de 7 milhões toneladas, “acendeu uma luz vermelha”, e surgiu a perspectiva de problemas futuros, já que Santa Catarina é o maior importador de milho no país, e há um déficit anual da ordem de 3 milhões a 4 milhões de toneladas.

— “Esse déficit está projetado em 2020 para 4,5 milhões, já que nós vamos repetir a mesma safra do ano passado, na ordem de 2,5 milhões de toneladas.

Estamos aumentando o nosso consumo em função desse bom momento que nós vivemos com as exportações de proteínas animais, principalmente suínos e frango, o que aumenta a demanda por ração”, explica.

O grande causador do déficit do milho, segundo ele, é o aumento de exportações, que variava entre 25 milhões e 30 milhões de toneladas, o que seria suficiente frente a colheita deste ano na ordem de 100 milhões de toneladas, e um consumo interno de 65 milhões de toneladas.

— “A gente conseguia virar o ano até a próxima safra, já que não tem estoques internos, e este ano, com o aumento do dólar no final de junho, sentimos que o volume de exportações aumentou muito, e nós estamos agora no final do ano concluindo todo esse planejamento que as exportações estão batendo em 39 milhões de toneladas”, afirma.

De acordo com Barbieri, não há ´problema da falta de milho mundialmente, e o Brasil tem a possibilidade de buscar o produto do Paraguai, via Foz do Iguaçu, ou da Argentina, mas há a questão da alta do dólar, além do preço de internação do milho.

Quem deve enfrentar maiores problemas são os frigoríficos pequenos e médios, e não os gigantes da agroindústria. “Esses pequenos e médios terão dificuldade de abastecer os produtores independentes de suínos, já que terão custo elevado da ração. O mercado brasileiro está em recuperação, consegue aceitar certa alta de preços, mas não nestes níveis que o milho pode alcançar ao consumidor aqui em Santa Catarina, de R$ 50 a saca”.

O conselho de Barbieri é que os produtores repensem em como vão se, seja por importação, por cooperativa. “É uma situação complicada, e que os produtores que vivem esse bom momento tentem fazer estoque para que não deixe chegar num patamar máximo que impossibilite a compra”, finaliza.

VEJA TAMBÉM