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Produtores de grãos do Brasil se preocupam com dicamba enquanto a Bayer lança nova semente de soja GM

Uma tecnologia de sementes de soja geneticamente modificada da Bayer da Alemanha, que deve ser lançada em breve no Brasil, despertou preocupação de alguns agricultores que se preocupam com o fato de outras culturas serem impactadas pelo dicamba, um herbicida que o produto biotecnológico foi projetado para tolerar.

Amplamente utilizado nos Estados Unidos, o dicamba tem sido descrito por agricultores que o aplicaram como um produto volátil que sai facilmente. Como tal, pode comprometer a soja não tolerante, disseram os produtores à Reuters.

“Quando o dicamba pousa em plantas que não foram projetadas para resistir a elas, essas plantas sofrem”, disse Cayron Giacomelli, agricultor e agrônomo.

“Dicamba é altamente prejudicial a outros materiais além do Xtend”, disse Giacomelli.

A Bayer produz a tecnologia de sementes “INTACTA 2 XTEND”, que permite que a soja geneticamente modificada seja tratada com dicamba sem ser prejudicada.

Dicamba é usado para controlar ervas daninhas de folhas largas em culturas de grãos, de acordo com a Universidade de Cornell. A Bayer planeja lançar o Xtend no Brasil no ciclo da safra 2021/2022.

Ele afirmou na segunda-feira que Xtend combina biotecnologia com novas ferramentas de proteção de culturas para aumentar a produção dos agricultores “para um novo nível”.

A empresa afirmou em comunicado que recomendaria que os agricultores usassem o dicamba “com uma nova formulação”, que disse que “reduziria significativamente a volatilidade do produto em relação à primeira geração”.

A associação nacional de produtores de grãos Aprosoja disse na sexta-feira que a Bayer havia convidado agricultores locais a participar de ensaios nesta temporada.

A Aprosoja pediu que eles buscassem informações da Bayer sobre o impacto nas culturas do uso de dicamba, acrescentando que existem herbicidas alternativos no Brasil.

“Nos Estados Unidos, onde a tecnologia já foi lançada, as ervas daninhas são diferentes das do Brasil.

Lá, o dicamba é uma ferramenta essencial ”, disse Aprosoja.

Bayer disse que consultores e acadêmicos estavam monitorando ensaios envolvendo Xtend e dicamba para entender as implicações de seu uso na agricultura brasileira.

O agricultor José Soares disse à Reuters que não participaria dos testes da Bayer. “Eles estão nos vendendo um problema, não precisamos vender a solução”, disse ele.

Os produtores brasileiros de grãos disseram que queriam que a Bayer fosse responsável por quaisquer problemas.

“Se este produto chegar ao mercado, a empresa deve ser totalmente responsável por quaisquer problemas que possam ocorrer”, disse Antonio Galvan, presidente da associação de produtores de grãos de Mato Grosso.

Ele disse que a soja não tolerante é uma das plantas mais suscetíveis à toxicidade da dicamba.

A Bayer lançou o pacote Xtend nos Estados Unidos em 2016. No Brasil, afirmou estar preparada para treinar extensivamente os agricultores, caso eles decidam adotá-lo.

“A escolha de qual tecnologia usar sempre recai sobre o agricultor”, afirmou.

Aprosoja disse que nos Estados Unidos mais de 2.700 reclamações foram feitas por não usuários da tecnologia Xtend, que foram afetados pelo dicamba que vinha de fazendas próximas.

A Reuters não conseguiu verificar independentemente essa reivindicação. A Bayer não comentou especificamente o número de reclamações recebidas.

A janela de plantio mais ampla do Brasil apresenta riscos que os agricultores americanos não enfrentam, disse Aprosoja.

“Dicamba é perigoso. Não precisamos disso ”, disse Soares.

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