O Brasil começa a vencer alguns desafios para retomar seu crescimento econômico. Na visão do secretário especial de Comércio Exterior e Relações Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, um dos sinais dessa retomada é a proximidade entre as políticas econômica e comercial, que pode ser observada no acordo Mercosul–União Europeia. “É o maior acordo celebrado na história do capitalismo, um marco importante.
Significa que estamos acionando o comando ‘reiniciar’ nas economias do País”.
O secretário participou de recente reunião do Conselho de Economia da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), coordenada pelo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, e por Antônio Alvarenga, presidente da SNA.
Troyjo ressaltou que o País precisa avançar institucionalmente (referindo-se a aspectos como imprensa livre e marcos regulatórios, a exemplo do que foi realizado em outros países); ter boas estratégias de ascensão, assim como a China, e promover a abertura de mercado. “O Brasil tem o menor coeficiente da soma de exportações e importações, atingindo não mais que 25% do PIB. Precisamos trabalhar mais os acordos internacionais”, disse o secretário.
Novo portfólio
Ao falar sobre a necessidade de crescimento, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, abordou algumas das ações da empresa a favor da economia e da produtividade do País.
O executivo anunciou uma série de mudanças no portfólio da Petrobras, enumerando medidas como privatização de subsidiárias e estatais, reforma administrativa (com a contratação de profissionais do exterior), adoção de uma política de liberdade de preço para os combustíveis, prioridade para ativos que garantam retorno máximo (ação que está resultando na venda de campos de baixa produtividade), limitação da área de atuação da Petrobras aos polos do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, criação de indústrias para pequenos e médios produtores, lançamento de programas de demissão voluntária, entre outras iniciativas.
Castello Branco disse ainda que a produção de petróleo no Brasil ficou estagnada por 10 anos, mas que em agosto de 2019 começou a crescer em ritmo forte, batendo o recorde com a média de três milhões de barris diários. O presidente da estatal também estimou que o Rio de Janeiro deverá se posicionar como o terceiro maior produtor de petróleo do País.
Tulio Arvelo Duran, diretor da SNA, e Marcos Troyjo, secretário especial do Ministério da Economia. Foto: SNA.
Sinais de recuperação
Em meio aos debates sobre o atual cenário econômico brasileiro, o diretor da SNA, Cláudio Contador, afirmou que nesse ano o PIB do País deverá crescer 1,10%. Já o vice-presidente da SNA, Tito Ryff, disse que “há sinais de que a economia brasileira está se recuperando”, e que o PIB deve crescer 2% em 2020. “O financiamento para a compra de imóveis aumentou e o setor imobiliário se recupera lentamente. Isso também favorece a percepção positiva em relação ao governo”.
Intervenção
Por outro lado, o diretor da SNA, Paulo Protásio, argumentou que “falta protagonismo ao governo” e que “a sociedade e as instituições devem intervir nesse processo com propostas de ação”. Por sua vez, o embaixador José Botafogo Gonçalves disse que o setor econômico “está tomando a direção certa”, porém, destacou a ausência das entidades não governamentais nas discussões.
“Qual o modelo de crescimento econômico que devemos seguir? Somente as instituições não governamentais podem dar a resposta. No contexto dessas entidades, o setor da agroindústria é o que mais vai responder, pois é o mais eficiente na sociedade”, ressaltou Botafogo, acrescentando que a SNA pode desempenhar um papel importante nesse processo.
Juros negativos
Ainda durante a reunião do Conselho, o economista Ney Brito fez uma breve abordagem sobre os cenários econômicos dos últimos anos, destacando, entre outros aspectos, a crise comercial entre Estados Unidos e China, o crescimento do mercado de ações, o Brexit e os juros negativos.
Segundo Brito, “os juros negativos geram uma concentração de riqueza brutal, com a valorização dos ativos de grupos mais ricos. Isso está gerando uma nova bolha no mercado internacional”, alertou. Para o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, estes juros ocasionam uma redução no rendimento da poupança, o que incentiva a necessidade de economizar mais. “Dessa forma, os bancos estão se transformando em verdadeiros cofres”, disse.
Presenças
Também participaram da reunião do Conselho de Economia o ex-ministro Márcio Fortes de Almeida; o vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco; os diretores da instituição, Leonardo Alvarenga, Francisco Villela, Márcio Sette Fortes, Antonio Freitas, Sérgio Malta, Rony de Oliveira, Thomas Tosta de Sá e Tulio Arvelo Duran, e os economistas Carlos Thadeu de Freitas Gomes (presidente do Conselho do BNDES), Hélio Portocarrero, José Luiz Carvalho, Roberto Fendt, Rubens Penha Cysne e Sérgio Gabizo.