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Dez dicas para utilizar a ureia na nutrição de bovinos

É preciso cuidado para disponibilizar a ureia para os bovinos em quantidade e maneira corretas para não ter problemas de intoxicação.

O fornecimento de ureia é uma das alternativas para suplementar o rebanho durante o período seco do ano. As formas de utilização são várias e as mais comuns são a associaçãco ao suplemento mineral, incorporação na composição de misturas múltiplas (rações), associação com cana-de-açúcar e associação com silagem.

Na nutrição de ruminantes, o papel da ureia é fornecer nitrogênio não proteico na dieta, que, após ser ingerida pelo bovino, sofre a ação de microrganismos no rúmen e é transformada em proteína microbiana, considerada uma proteína de alta qualidade. Dessa forma, a ureia se apresenta como uma alternativa ao uso de farelos, como de soja e algodão, por exemplo, como fonte de proteína na dieta de ruminantes.

Apesar de, historicamente, o preço pago pela tonelada de ureia ser maior do que outras fontes de proteína comuns na dieta de bovinos, quando convertemos os alimentos em quilos de proteína bruta, a ureia é mais viável economicamente.

Isso ocorre em função do alto teor de nitrogênio em sua composição, em torno de 45%, o que equivale, em média, a 280% de proteína bruta por 100 gramas de ureia. O farelo de soja e o farelo de algodão têm, em média, 45% e 38% de proteína bruta, respectivamente.

Figura 1.

Preço médio do quilo de proteína bruta dos alimentos proteicos, entre janeiro de 2010 e abril de 2019, em São Paulo, em R$/kg, deflacionados pelo IGP-DI.

Fonte: Scot Consultoria

Porém, cabe ressaltar que, apesar do menor preço, a ureia tem limitações de uso, sendo assim, não pode substituir totalmente as outras fontes de proteína da dieta. O recomendado é que a quantidade de nitrogênio fornecida pela ureia seja inferior a um terço do nitrogênio total da dieta, além disso, também há limites da porcentagem de ureia na matéria seca da dieta total.

Para potencializar o uso, é necessária a adição de fontes de energia na dieta e de fontes de enxofre, para melhor síntese da proteína pelos microrganismos do rúmen. A fonte de enxofre mais utilizada é o sulfato de amônio.

Como não há uma receita única para o fornecimento de ureia, o ideal é consultar um técnico para a formulação total da dieta.

Lembrando que o fornecimento excessivo de ureia causa intoxicação e pode levar os animais à morte. É relativamente comum que erros de formulação causem esse efeito, o que torna essencial fornecer o insumo na dosagem correta com a orientação de um profissional.

Além da alta concentração na dieta, outros fatores também podem causar quadros de intoxicação aos animais. Seguem abaixo algumas dicas para minimizar os riscos de intoxicação pela ureia.

Cuidados para utilizar a ureia na nutrição de bovinos:

1 – Introduzir a ureia gradativamente, para que haja adaptação dos bovinos ao consumo.

2 – Após a adaptação, fornecer o insumo de maneira contínua. Caso haja interrupções, fazer novamente a adaptação, com aumento gradativo do insumo.

3 – Evitar que os animais a consumam uma única vez. Para isso, fracione o total da dose de ureia em vários tratos, se for possível.

4 – Não fornecer o insumo em pastos com baixa disponibilidade de forragem, nem em lotes de animais famintos, pois isso pode fazer com que os animais ingiram toda a ureia de uma só vez.

5 – Não fornecer para bovinos jovens, que ainda não têm o rúmen totalmente desenvolvido.

6 – Misture a ureia de maneira uniforme com os demais alimentos da dieta.

7 – Nunca fornecer a ureia dissolvida em água.

8 – Fornecer a ureia em cochos cobertos, para evitar o acúmulo de água das chuvas, inclinados e com furos na parte inferior para evitar a formação de “sopões” no fundo dos cochos, que favorecem a intoxicação.

9 – Ter uma fonte de água, com quantidade e qualidade adequada para os animais, próximo do cocho.

10 – Acompanhe com atenção o consumo voluntário dos animais. Se houver quedas acentuadas no consumo ou qualquer sinal de intoxicação, suspenda o fornecimento de ureia.

Conclusões

A ureia é uma fonte de proteína que, devido à sua viabilidade econômica, pode substituir parcialmente outras fontes de proteína na dieta, tais como os farelos de algodão e de soja.

Quando utilizada de maneira correta, a ureia pode trazer bons resultados produtivos ao sistema, mas lembre-se de que, devido aos riscos que o manejo incorreto do insumo proporciona, é essencial ter um profissional habilitado para a formulação correta da dieta.

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