Andressa Bordin não tinha vivência no agro até se casar; hoje, não só se tornou exemplo para as mulheres do campo como conquistou admiradores urbanos e até de outros países
Com mais de 200 mil seguidores em seu perfil do instagram, a produtora gaúcha Andressa Bordin, de 31 anos, tornou- se conhecida Brasil afora e em países como Portugal, Argentina, Chile, Estados Unidos e até do Irã. O que a fez ganhar tanta notoriedade foi o empenho investido para conseguir obter um trator pintado com sua cor preferida: rosa.
Depois de ouvir muitas negativas de fabricantes de máquinas agrícolas para que atendessem ao seu pedido inusitado, em 2016 uma marca então estreante no mercado brasileiro, a LS Tractor, comprou a ideia de Andressa e realizou o seu sonho.
A partir dessa conquista, Andressa percebeu que tinha força suficiente para alçar voos mais altos. Ela aproveitou a oportunidade de ser a única proprietária de um trator rosa no país e ousou, não só na lida em campos de arroz e de soja, como também no campo digital.
Campo invade as redes sociais
Pensar a vida no campo e a conectividade como realidades distintas é um conceito ultrapassado. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), 77% dos agricultores têm um smartphone e estão presentes nas redes sociais.
Fazendo da tecnologia uma ferramenta para seu próprio trabalho, Andressa entrou de cabeça nas mídias digitais, utilizando principalmente o Instagram. Os seguidores da produtora rural se vêem dentro de plantações, lidando com animais através das telas. Com imagens, música e também a ajuda do TikTok, ela aproxima o dia a dia do agro dos habitantes da cidade.
“Aqui eu tiro leite, faço queijo, tenho criações de bichos, estou sempre na lavoura , tenho horta, faço bolo para fora, sou mãe, dona de casa e ainda vendo lingeries”, contou a influencer.
Andressa acredita que o impulsionamento de seguidores acontece devido à curiosidade das pessoas. Atualmente, seu maior público é de mulheres entre 18 e 40 anos.
Mulheres do campo
Uma propriedade de 280 hectares, voltada à produção de arroz e soja, em São Martinho da Serra (RS), foi onde Andressa Bordin começou sua vida no campo.
Filha de um comerciante e de uma enfermeira, ela não tinha convívio com o agro até ir viver com a família do marido, Ivan, a quem conheceu numa edição da Expointer, maior feira agropecuária do Rio Grande do Sul.
“Cada dia era um dia difícil. Comecei tirando o arroz da lavoura para o caminhão. Atuei na grade niveladora para a plantadeira (minha preferida!), pulverizador, colheitadeira, montagens das taipas e assim por diante. Nem dormia direito, ansiosa para ir à lavoura de novo”, conta ela.
A influenciadora destaca que, além da cor rosa, ela tem também paixão e admiração pelo trabalho que as mulheres desempenham na terra, quando têm oportunidade. “As firmas rurais deveriam investir nas mulheres, com cursos sobre o dia a dia no campo, demonstração de máquinas, curso de aplicação de defensivos, essas coisas que estão chegando também junto com a modernidade, com a tecnologia. Nem sempre somos lembradas, mas temos grande importância no meio rural, pois nada é decidido sem a nossa opinião”, conta a produtora rural.
Por acreditar que o conteúdo digital tem o poder de impactar, de trazer conectividade para dentro da propriedade, Andressa Bordin se joga no mundo digital como influenciadora para um novo legado. “Nós, mulheres rurais, somos mulheres surreais”, diz.