Sensores fixos no campo e alimentados por energia colhem dados da propriedade.
A tecnologia como ferramenta de transformação está praticamente consolidada no meio rural, e, cada vez mais, novas ideias surgem para dar o suporte que o agricultor tanto precisa. Foi da constatação de que 70% da água no mundo é direcionada para a agricultura e que 50% desse volume é desperdiçado por falta de tecnologia na irrigação que nasceu a Raks Tecnologia Agrícola, startup incubada desde maio de 2017 na Unitec-Tecnosinos, em São Leopoldo. “Tudo começou em 2015 como pesquisa científica de Ensino Médio, época em que desenvolvemos a conclusão de nosso curso técnico em Eletrônica na Fundação Liberato Salzano”, recorda Fabiane Kuhn, uma das sócias da Raks.
A crise hídrica que assolava o Brasil naquele ano chamou a atenção e determinou o futuro dos estudantes já naquele ano, quando decidiram iniciar uma pesquisa científica sobre o problema. A questão principal era: para onde estava indo a água aplicada na agricultura? Com a participação em feiras, e após diversas premiações no Brasil e no exterior, a Raks ganhou fôlego, inclusive financeiro, para levar adiante a ideia de desenvolver uma tecnologia capaz de automatizar e otimizar o processo de irrigação, ajudando o agricultor na obtenção de mais alimentos com menos água e menor consumo de energia elétrica.
A solução desenvolvida pela Raks foi o Sistema Inteligente para Otimização de Irrigação (Simi), formado basicamente por sensores de umidade de solo que permanecem fixos no campo, alimentados por energia solar com a função de captar e transmitir a uma central dados como umidade do solo, umidade relativa do ar e temperatura ambiente, e, dessa forma, combinar todas essas informações em uma plataforma inteligente. “Os dados coletados são enviados para a nuvem, na qual o produtor consegue visualizar gráficos e tabelas por meio de nosso aplicativo ou site”, afirma Fabiane.
A tecnologia é compatível com qualquer perfil de produtor, o que muda é a quantidade de sensores espalhados pela propriedade e funcionalidade (software) que ele deseja. Todo o projeto, no entanto, é modular e dá a possibilidade de o agricultor configurar a tecnologia para o tipo de cultura, solo de sua propriedade e outras peculiaridades. “Com todas essas configurações feitas, o sistema reconhecerá o momento exato de acionar a irrigação em cada situação”, explica a empresária da Raks que divide o sucesso da inovação com outros cinco sócios.
Na prática, a solução auxilia o agricultor na produção de alimentos com menos recursos ao utilizar água apenas quando ela é realmente necessária. “O que o Simi faz é prever situações como essas e permitir que a planta sempre cresça no seu ponto de máxima produtividade. Os primeiros resultados estão em propriedades gaúchas, em áreas com nogueiras, oliveiras, morangos, tomates e alface. Nos Estados Unidos, a startup já participa de processo de aceleração com a instalação do sistema em culturas como soja e milho.