As instruções foram consolidadas no fórum técnico Boas Práticas na Cultura do Feijão, que reuniu cerca de 70 participantes em Cascavel (Oeste do Estado) nessa segunda-feira (13).
O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) divulgou nota técnica com orientações sobre o manejo da colheita de feijão, especialmente a tecnologia de dessecação das lavouras. O documento pode ser acessado CLICANDO AQUI.
As instruções foram consolidadas no fórum técnico Boas Práticas na Cultura do Feijão, que reuniu cerca de 70 participantes em Cascavel (Oeste do Estado) nessa segunda-feira (13).
De acordo com o zootecnista Endrigo Antônio de Carvalho, coordenador do Polo de Pesquisas do IDR-Paraná em Santa Tereza do Oeste, o evento foi realizado por demanda de produtores, cerealistas e empacotadores da região. Além de profissionais ligados à extensão rural e assistência técnica, o programa do encontro contemplou palestras de especialistas em defesa sanitária, tecnologia de alimentos, saúde e meio ambiente.
“Uma oportunidade para discutir as condições de produção, renda para o produtor e qualidade do produto para o consumidor”, avalia o engenheiro agrônomo Germano Kusdra, coordenador estadual do programa feijão do IDR-Paraná.
Realização
O fórum técnico Boas Práticas na Cultura do Feijão foi realizado em parceria com a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel (Areac) e o núcleo regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab). FONTE IDR-PARANÁ
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um alimento básico da população brasileira, sendo o consumo médio por pessoa de 15,3 quilos por ano. Originário da América, o feijão é a principal leguminosa comestível em todo o mundo e cultivado por pequenos e grandes produtores em praticamente todos os Estados da Federação. Na safra de 2020/21, conforme dados da CONAB, a produção nacional de feijão foi de 2,25 milhões de toneladas. O Estado do Paraná liderou a produção com 23,7% do total produzido, seguido por Minas Gerais (23,1%), Goiás (15%), Mato Grosso (9%) e São Paulo (7,7%). No Paraná, predomina a participação da agricultura familiar na produção, compondo a renda com outras atividades nas propriedades rurais.
Para que o agricultor alcance altas produtividades e ofereça um produto com elevada qualidade culinária e seguro para o consumidor, além das boas práticas agrícolas, tais como o uso de sementes produzidas dentro do sistema de certificação, variedades adaptadas as regiões produtoras, fertilização correta do solo, manejo adequado do solo e da água e manejo integrado de pragas e doenças, é importante também o correto manejo da cultura no momento da colheita.
Antes de realizar a colheita, o agricultor pode ou não optar pela dessecação da lavoura. Quando não é feita a dessecação, o agricultor economiza uma operação, o que resulta em menor utilização de agrotóxicos e recursos financeiros. Por outro lado, a utilização do dessecante proporciona uniformidade de maturação da lavoura para a colheita, além de permitir o escalonamento e a antecipação da colheita quando há previsões de chuvas excessivas. Em condições de temperatura muito elevada, deve-se atentar para que a dessecação não resulte em colheita dos grãos com umidade muito baixa, pois pode acarretar quebra dos grãos e diminuição da qualidade do produto, seja este para consumo ou produção de semente.
Caso o agricultor opte pela dessecação da lavoura alguns cuidados são fundamentais:
1. Utilização de produtos, com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e com cadastro na Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – ADAPAR, específicos para dessecação da cultura do feijão. Estão disponíveis para dessecação da cultura do feijão no Paraná os seguintes princípios ativos: dibrometo de diquate, glufosinato de amônio e saflufenacil. Para maiores informações acesse o Sistema Agrofit (clique aqui) e o site da Adapar (Agrotóxicos Paraná clique aqui). Ressaltamos que não há herbicida registrado como dessecante com o ingrediente ativo glifosato, logo, o uso de produtos com este ingrediente estão proibidos e podem resultar em destruição de lavouras, inutilização do feijão colhido e multa.
2. O uso do dessecante no momento correto do estádio fenológico da cultura, na dosagem recomendada e respeitando o intervalo de carência indicados na bula do produto e receituário agronômico emitido pelo Engenheiro Agrônomo, são fundamentais para a eficiência da prática e para que os grãos ou sementes não apresentem resíduo de agrotóxicos acima do Limite Máximo Permitido. Período de carência ou intervalo de segurança do produto é o número de dias que deve ser considerado entre a aplicação do agrotóxico e a colheita. A contaminação do feijão com resíduo acima do permitido compromete a produção, que poderá ser interditada pela fiscalização, além de outras sanções que o produtor poderá sofrer.
3. Momento adequado para a dessecação: maturação fisiológica da semente (grupo comercial carioca: listras das sementes aparecem perfeitamente delineadas e visíveis sobre o tegumento; grupo comercial preto: as sementes assumem coloração entre azul escura e preto), umidade dos grãos entre 30 e 40%, antes da queda total das folhas e quando não há mais translocação de nutrientes para os grãos. Para maiores informações sobre a maturação fisiológica da cultura do feijão, clique aqui. Deve-se observar algumas situações específicas de acordo com o produto utilizado, conforme recomendações descritas no receituário agronômico e orientações da bula do produto.
4. Assistência técnica realizada por Engenheiro Agrônomo, devidamente registrado no Crea, que irá, dentre outras orientações, definir o melhor momento para realizar a dessecação. O profissional deverá emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART pelos serviços prestados. Caso o emissor do receituário não seja o responsável técnico pela cultura, deverá emitir ART específica para o receituário agronômico. Os profissionais de agronomia devem prescrever receitas agronômicas autorizando o uso de agrotóxicos somente nos casos de real necessidade de aplicação e após conhecimento do diagnóstico a campo. O acompanhamento por profissional habilitado traz a segurança do alimento para a população, proteção ao meio ambiente, além de buscar as melhores soluções ao produtor.
5. Tecnologia de aplicação: o uso de técnicas de aplicação adequadas são fundamentais para obter eficiência na dessecação, evitar a deriva sobre outras culturas e a contaminação do ambiente. Siga as recomendações do receituário agronômico e da bula do produto. Utilize preferencialmente gotas maiores (pois tem menor risco de deriva) dando especial atenção para o tipo de ponta, pressão de pulverização, taxa de aplicação e altura da barra. Fique atento se as condições de velocidade do vento, umidade relativa do ar e temperatura são adequadas para pulverizar. Para maiores informações sobre tecnologia de aplicação de herbicidas clique aqui. Os agricultores devem tomar muito cuidado no momento da aplicação para não gerar derivas do agrotóxico para as propriedades vizinhas, fato que tem ocorrido com frequência em determinadas regiões e causado grandes prejuízos aos produtores de culturas e criações sensíveis, tais como: produtores de frutíferas, hortaliças, criadores de bicho-da-seda, abelhas e animais, além da contaminação ambiental. Para maiores informações sobre eliminação de deriva clique aqui.
6. Utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI). O uso do EPI é a única forma que o trabalhador do campo tem para prevenir intoxicações e acidentes que podem colocar sua vida em risco. Sua utilização é necessária em todas as etapas de uso dos agrotóxicos, desde o preparo da calda até a limpeza dos equipamentos de pulverização após as aplicações. A lavagem do EPI deve ser feita separadamente de outras roupas e quem for lavá-lo deve usar luvas.
7. Os agricultores, após a utilização dos agrotóxicos, conforme recomendações, prazo de vencimento e legislação, deverão realizar a devolução das embalagens vazias aos Postos de Recebimento dentro do prazo.