O relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, aponta que o Paraná deve produzir 38 milhões de toneladas de grãos na safra 2020/21, em uma área de 10,4 milhões de hectares. Esse volume de produção representa 8% menos do que o produzido na safra 2019/2020, em uma área 3% maior.
Os números divulgados nesta quinta-feira (24) mostram os efeitos da longa estiagem no Paraná, com perdas significativas na segunda safra de feijão e na produção de milho safrinha, fundamental para abastecer o mercado de proteínas animais e para o cumprimento dos contratos internacionais. “A redução, no caso do feijão, se deve ao frio, às geadas, e principalmente à falta de chuva quando o grão mais precisava para o seu desenvolvimento”, explica o chefe do Deral, Salatiel Turra.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, explica que as perdas na cultura do milho não ocorreram somente no Paraná, mas também em estados como Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. “O Brasil, infelizmente, teve uma perda significativa da produção de milho safrinha, quase comprometendo o abastecimento e exigindo das indústrias mais dinheiro para bancar o custo, mas especialmente viabilizando até a importação de milho para o suprimento interno”, diz.
Por outro lado, destaca-se o reajuste positivo da área de trigo no Paraná. “Se o clima favorecer, o plantio pode ser um pouco maior do que se imaginava. Isso pode garantir, junto com o Rio Grande do Sul, onde a área também cresce, um suprimento interno um pouco maior, cooperando assim para a redução das importações”, diz o secretário.
FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – Estima-se, neste momento, a produção de 270,6 mil toneladas de feijão no Paraná, uma quebra de 46% com relação à estimativa inicial, que era de 501 mil toneladas. As maiores concentrações de perdas em volume estão nos núcleos regionais de Pato Branco, Ponta Grossa, Francisco Beltrão, Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Cascavel.
“As perdas são resultado da redução ou ausência das chuvas em praticamente todo o ciclo vegetativo. As baixas temperaturas durante o mês de maio também influenciaram nesse cenário”, diz o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador.
Nesta semana, a colheita atingiu 97% da área, estimada em 254,3 mil hectares. O restante deverá ser concluído nos próximos dias. Cerca de 57% das lavouras estão em condições consideradas ruins, 25% em condições médias e 18% em boas condições. De acordo com o Deral, os preços seguem em queda nos últimos dias.
Na semana passada, os produtores receberam, em média, R$ 253,44 pela saca de 60 kg de feijão cores e R$ 241 pela saca de 60 kg de feijão preto, uma redução de, respectivamente, 1% e 2,5% na comparação com os valores da semana anterior. “Mesmo assim, os preços ainda são considerados satisfatórios para os produtores”, afirmaa Salvador. Cerca de 82% da safra está comercializada.
MILHO SEGUNDA SAFRA – Estima-se a produção de 9,8 milhões de toneladas nesta safra, 19% a menos do que o Estado colheu no ciclo 2019/2020. Houve quebra de aproximadamente 4,9 milhões de toneladas em relação à produção inicial esperada. A perda percentual é de 33%.
Cerca de 1,8 milhão de toneladas dessa quebra, 37% da perda total do Estado, corresponde à região Oeste, principal produtora. “Na região Norte, segunda maior área do Estado, como as lavouras se desenvolveram um pouco mais tarde, talvez haja possibilidade de recuperação”, explica o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio. Segundo ele, a partir do próximo mês esses números devem ser mais exatos.
As chuvas registradas em junho contribuíram para uma redução da perda no campo e estabilização das condições gerais de lavoura. Dos 2,52 milhões de hectares plantados, 26% têm boas condições, enquanto 41% apresentam situação mediana e 33% condições ruins. Com relação à área, a expectativa aponta para 2,5 milhões de hectares, 10% a mais que na safra passada.
O preço recebido pelo produtor paranaense pela saca de 60 kg na semana passada foi de R$ 79,94, valor quase 13% menor quando comparado ao fechamento de maio, em parte devido à valorização do real frente ao dólar. Já no mercado internacional, os valores ficaram estáveis.
TRIGO – O trigo tem 92% da área plantada, índice considerado alto quando se avalia a média histórica da cultura; e 95% das lavouras estão em boas condições. Estima-se a produção de 3,9 milhões de toneladas, um aumento de 21% sobre a safra 2019/2020, se as condições climáticas colaborarem. A área teve uma revisão positiva comparativamente ao relatório anterior, e está estimada em 1,18 milhão de hectares, um aumento de 4% sobre a safra 2019/2020.
O plantio do trigo segue sem complicações neste período e deve se encerrar em julho, segundo o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho. “Há chuvas chegando em volume suficiente para uma boa germinação e em intervalos que permitem a entrada dos tratores a campo para a semeadura. As geadas registradas até o momento são irrelevantes, pois a cultura encontra-se ainda nas fases vegetativas, muito tolerantes ao frio”, avalia.
Na última semana, os produtores receberam, em média, R$ 74,00 pela saca de 60 kg, valor que cobre os custos de produção.
SOJA PRIMEIRA SAFRA – A revisão feita pelos técnicos do Deral mostra um volume de produção de soja 5% inferior ao do ano passado e 4% inferior à estimativa inicial, de 20,7 milhões de toneladas, situação decorrente da seca e do atraso no plantio. Devem ser colhidas 19,79 milhões de toneladas em uma área de 5,6 milhões de hectares. Essa área é 2% superior à da safra 2019/2020.
Influenciada por fatores climáticos, que afetaram as lavouras em praticamente todas as regiões, a produtividade média estadual atingiu 3.539 kg/ha, 7% inferior à obtida no ano passado.
Na semana passada, os produtores receberam, em média, R$ 147,24 pela saca de 60 kg de soja. Em 2020, a mesma quantidade foi comercializada por aproximadamente R$ 92,00. Segundo o Deral, registou-se um leve atraso na comercialização do grão. No mesmo período de 2020, cerca de 87% da safra estava negociada, enquanto atualmente esse índice é de 76%.
SOJA SEGUNDA SAFRA – Devem ser produzidas 85,8 mil toneladas na segunda safra de soja, que é reduzida e destinada principalmente à produção de sementes. O volume é 4% menor que o do ciclo 2019/2020 e a área, estimada em 38,8 mil hectares, é 2% menor.