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Programa Trator Solidário fortalece agricultura familiar na região Oeste

O agronegócio é o carro-chefe da economia de Santa Helena, no Oeste do Paraná, cidade com população estimada em 26,7 mil habitantes. Em 2019, ela passou a integrar a lista dos municípios paranaenses com Valor Bruto da Produção (VBP) acima de R$ 1 bilhão. Seu faturamento, de R$ 1,08 bilhão, representa o sexto maior do Estado, atrás de Toledo, Castro, Cascavel, Guarapuava e Marechal Cândido Rondon. A produção de suínos, aves de corte e grãos é a principal responsável por esse desempenho.

Vários fatores explicam o crescimento expressivo da região, como os investimentos realizados pelos produtores, a industrialização e a assistência técnica disponível. Além disso, programas como o Trator Solidário, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, fortalecem esse conjunto. A demanda é representativa: a mesorregião Oeste (considerando os núcleos regionais de Toledo, Cascavel e Campo Mourão) responde por cerca de 26% dos investimentos do programa desde a sua criação, em 2007, até 2019. Os dados foram compilados pela Unidade Regional do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná) em Toledo.

Com essa longa trajetória, o Trator Solidário acompanhou várias gerações no campo, participando de um ciclo de benefícios como a ampliação da produção, da renda, e a modernização das propriedades. Foi assim com o produtor Vanderlei Dietze, de Santa Helena, um dos primeiros contemplados pelo programa. Dietze vive na mesma propriedade desde os dois anos de idade, já que os pais também eram trabalhadores rurais. Com ajuda do Estado, adquiriu o primeiro trator da família em 2007. Ainda era um modelo 75 CV sem cabine. “Na época, ouvi no rádio sobre o Trator Solidário. Fiquei interessado e busquei informações na Emater”, conta.

O trabalho ficou mais ágil. “Até então, fazíamos muita coisa manualmente. Agora, temos a praticidade de ter um trator para fazer pasto, e começamos a fazer silagem, sem precisar pagar outras pessoas pelo serviço. Assim, reduzimos o custo e produzimos com mais qualidade”, acrescenta.

Com o primeiro financiamento quitado em 2018, no ano passado Dietze se inscreveu novamente e conseguiu um trator cabinado – especificidade exigida pela legislação atual para garantir mais segurança na aplicação de defensivos agrícolas. Renovou a frota e melhorou o desempenho da propriedade de 20 hectares, onde cultiva soja, milho e gado de corte. A entrega oficial aconteceu recentemente, com a presença dos filhos Arthur, de um ano, e Vicenzo, de 11.

Dietze conta que a produção já havia crescido expressivamente nos últimos anos. Agora, com dois tratores adquiridos abaixo do preço de mercado, pode aumentar ainda mais. O programa funcionou como um estímulo para que ele investisse na propriedade. “Compramos pulverizador, plantadeira, hoje temos um guincho bag e forrageira, modernizamos bastante. Não é só o trator”.

APOIO – Os produtores inscritos no Trator Solidário recebem orientação do IDR-Paraná. O extensionista que atua em Santa Helena, Carlos Alexandre Harold, explica que a unidade funciona como um ponto de apoio para esclarecer dúvidas e enviar a pré-proposta para Curitiba, onde é submetida à aprovação de um comitê. Na região, segundo ele, os tratores financiados pelo programa custam cerca de R$ 20 mil a menos do que no mercado. Os núcleos regionais do Oeste estão entre os mais beneficiados no último ano.

“Nós temos muita alegria em participar e ajudar os agricultores porque vemos grandes resultados. É um atrativo para que invistam na propriedade. Muitas vezes, eles sequer pensavam em ter maquinário. Porém, quando divulgamos o preço reduzido, começam a acreditar nesse sonho”, diz.

PROGRAMA – O Trator Solidário atende a pequenos agricultores enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com renda bruta anual de até R$ 415 mil oriunda da atividade agrícola.

O novo edital está aberto desde janeiro de 2021. Os interessados devem procurar a unidade local do IDR-Paraná, onde os técnicos podem orientá-los sobre quais maquinários, fábricas e instituições financeiras estão disponíveis para fazer contratação no momento, ainda com a taxa de juros do Plano Safra vigente, de 4%.

Em julho, quando for lançado o novo plano, o índice pode mudar. “Já os preços estão tabelados via edital, e ficam em torno de 10% a 15% inferiores ao preço de mercado”, explica o chefe do Departamento de Economia Rural (Deral), Salatiel Turra.

No ano passado, o programa financiou cerca de R$ 71,7 milhões: foram 624 tratores, 13 colhedoras e quatro pulverizadores – entre equipamentos entregues e em processo de faturamento pela fábrica.

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