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Apoio técnico do Governo transforma a vida em assentamentos de Londrina

Um convênio executado pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento transformou a vida de famílias que vivem nos assentamentos Eli Vive I e II, no distrito de Lerroville, em Londrina. Com recursos da União e atuação técnica e operacional do Governo do Estado, a área recebeu resfriadores de leite e infraestrutura para profissionalizar a atividade leiteira, o que aumentou a produção e, consequentemente, a renda e a qualidade de vida dos moradores. 

O convênio foi firmado em 2013 entre o Governo do Paraná e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, tendo a Caixa Econômica Federal como gestora dos recursos, no valor de R$ 17,6 milhões. Parte do montante – cerca de 60% – foi investida na compra de 970 resfriadores de leite, distribuídos a produtores em assentamentos de todo o Estado.

Dos recursos, R$ 431 mil foram aplicados nos assentamentos Eli Vive I e II. Os equipamentos foram repassados em cessão para a Prefeitura de Londrina, que ficou responsável pela gestão e passou a acompanhar as atividades e o uso dos resfriadores com a supervisão e orientação de seus técnicos.

Gradativamente, os assentamentos em Londrina receberam 30 tanques resfriadores com capacidade para 500 litros cada, beneficiando as cerca de 85 famílias que fazem uso coletivo dos equipamentos. Hoje, produção soma 45 mil litros de leite por mês e, dependendo da época, chega a 50 mil litros/mês, embora este ano a tenha sofrido o impacto da pandemia e da estiagem severa.

Em outra fase do convênio, foram comprados um carro e um caminhão para auxiliar na supervisão das atividades e no transporte da produção.

Segundo o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, após a regularização da ocupação, o Governo do Estado ajudou na construção e organização do assentamento. “Eles receberam apoio, atenção, ajuda e a resposta que precisaram”, disse. A pasta disponibilizou sua estrutura técnica para fazer os projetos necessários à estruturação do assentamento.

Ortigara explica que quando o governo federal formaliza um convênio para atendimento de produtores, é preciso um órgão apto para operacionalização dos recursos de acordo com a legislação. “Há uma série de regramentos legais, penais e administrativos que precisam ser cumpridos”.

“Foi um papel de inteligência, da capacidade executiva do Estado, de seus técnicos, que fizeram os projetos que atenderam as necessidades das famílias de assentados”, explicou o secretário.

Ortigara destacou, ainda, que além da produção de leite, as famílias dos assentamentos Eli Vive I e II organizaram uma agricultura bem diversificada e atualmente produzem milho não transgênico, hortaliças e praticam uma agroecologia de alto nível.

Elas também foram contempladas com recursos do programa Coopera Paraná, do Governo do Estado, utilizados para viabilizar um moinho de milho que será inaugurado em breve.

TRANSFORMAÇÃO – Atualmente, os assentamentos totalizam uma área de 7,5 mil hectares onde vivem 501 famílias. Eles foram criados em 2011, após a desapropriação e negociação, pelo Incra, com o antigo proprietário da fazenda Guairacá, que na época mantinha pecuária extensiva.

O local recebeu famílias de várias regiões do Paraná. Na escolha de qual linha iriam trabalhar, muitas optaram pela pecuária leiteira. Aí começaram os desafios: faltavam animais, pastagens e, principalmente, recursos para investimentos. Praticamente não havia infraestrutura. Não havia luz, água e estradas.

Inicialmente, as famílias trabalharam na produção de batata-doce, mandioca e milho para a obtenção de capital. Aos poucos investiram na formação de pasto e na compra de animais.

Os resfriadores foram instalados em etapas. A implantação de mais pontos de energia, em 2014, permitiu ampliar a estrutura para a instalação de mais equipamentos.

Para isso, foi elaborado o projeto de um modelo básico e simples, seguindo as exigências da Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O produtor que recebia o equipamento construía a casa para abrigá-lo e aqueles que o utilizam em conjunto auxiliam nas despesas.

À medida que a situação financeira das famílias evoluiu, investiram gradativamente no gado, melhoraram os pastos e a alimentação do rebanho, além de estruturarem melhor o local da instalação dos resfriadores, trabalho contínuo com o objetivo de aprimorar cada vez mais os padrões sanitários.

Outro desafio vencido foi no transporte. Antes, as famílias percorriam a pé o trajeto de cinco a dez quilômetros para levar a produção até os resfriadores. Elas abriram trechos e carreadores, por conta, cascalhando em seguida.

O trajeto melhorou gradativamente e agora haverá um salto no transporte. A secretaria estadual da Agricultura está pavimentando 10 quilômetros com pedras poliédricas, desde o distrito de Lerroville até a sede da Associação Comunitária dos Assentamentos Ele Vive I e II – Acaev-PR.

Hoje, o assentamento possui cerca de 3,5 mil cabeças de gado, das quais mil são de gado de leite. O projeto iniciado com dois produtores conta atualmente com 85 e a meta é chegar a 150 em dois anos.

De acordo com o presidente da Acaev, Edelvan Carvalho, a instalação dos resfriadores foi transformadora. “As famílias não tinham como investir de R$ 10 mil a R$ 15 mil em cada equipamento. Não havia recursos para esse desembolso”.

APERFEIÇOAMENTO – Para chegar à situação atual foi feito um trabalho intenso, com muito repasse de informação aos produtores. Além dos técnicos da secretaria estadual da Agricultura, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná (Senar-PR) também orientou os produtores com diversas capacitações, entre elas o curso de nutrição.

No início, o técnico Edelvan lembra que ele mesmo fazia a coleta para a análise do leite, realizada pela Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), com sede em Arapongas, que hoje processa, comercializa e distribuir a produção de leite dos assentamentos.

A partir de 2018, a cooperativa contratou três veterinários para dar assistência aos produtores e fazer exames no rebanho, como os relacionados à tuberculose e à brucelose.

De lá para cá, o controle também evoluiu. Exames bacteriológicos são periódicos. Os produtores conseguiram reduzir os índices de contagem bacteriana e de contaminação, com o uso das boas técnicas de ordenha.

Tudo isso elevou o prestígio da produção dos assentamentos no mercado. O leite da Copran é disputado, muito bem recebido pela comunidade e considerado uns dos melhores da região de Londrina, conta Carvalho – tem o nível de gordura ideal e o leite considerado fora do padrão é imediatamente descartado.

Com os recursos obtidos com o leite os produtores investem em infraestrutura de produção. E recentemente passaram a destiná-los também para melhorar as casas das famílias e as cercas para os animais.

COMERCIALIZAÇÃO – A Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran) processa, comercializa e distribuir a produção do assentamento. Beneficia o leite, vende para o mercado convencional, em Londrina, e encaminha também para execução das políticas públicas.

Parte da produção é entregue para o Programa de Aquisição de Alimentos (PPA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do governo federal.

No comércio varejista, em função da qualidade, o produto é disputado entre os consumidores da cidade, e fica difícil dar conta de atender tantos pedidos. “Somos rígidos na questão de qualidade e cumprimos integralmente todas as recomendações de ordem sanitária do Ministério da Agricultura”, destaca Carvalho.

DOAÇÃO – Todos os dias são de muito trabalho. A batalha de tantos anos trouxe merecidas conquistas. Depois de sentirem na pele tantas dificuldades, os moradores dos assentamentos Eli Vive I e II sentem-se gratificados ao contribuir para melhorar a vida de 2,5 mil famílias em situação de vulnerabilidade social que vivem em Londrina.

Os moradores dos assentamentos doaram 44 toneladas de alimentos e 2,5 mil litros de leite para ajudar quem mais precisa nesse momento de pandemia.

Hoje, os assentamentos produzem mais de 30 produtos, entre hortaliças, frutas, cereais como arroz, milho, trigo e café.

Neste ano, o volume chegou a 800 toneladas de fubá, 500 toneladas de hortaliças e 400 toneladas de feijão.

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