“Desde sua consolidação em agosto, grande parte dos modelos climáticos colocavam que a La Niña desse ano seria fraca, ou no máximo de intensidade moderada. Mas agora as projeções mudaram, provavelmente teremos um evento bem mais forte do que era previsto”, alerta Paola Bueno, meteorologista da Meteored.
De acordo com ela, desde a formação do atual La Niña (em agosto) houve muitas especulações a respeito de sua intensidade. “Na última semana a região do Niño 3.4, principal região de utilizamos para monitorar as anomalias associadas ao ENOS, registrou uma anomalia de -1.4°C. Esse valor é considerado bem intenso e já indica uma intensidade moderada da atual La Niña, beirando a intensidade forte. Um evento de La Niña é considerado moderado quando as anomalias do Niño 3.4 ficam entorno de -1 a -1.5°C, abaixo de -1.5°C é considerado como forte”, explica.
“Após essa intensificação do resfriamento das águas superficiais e a confirmação da resposta atmosférica a esse resfriamento, caracterizada pela intensificação dos ventos alísios e os valores positivos do Índice Oscilação Sul (SOI, sigla em inglês), as projeções mudaram”, aponta a meteorologista.
“Agora, muitos dos modelos usados nas previsões do IRI e CPC preveem anomalias condizentes a um evento de La Niña moderado ou até mesmo forte até o final desse ano. O modelo CFSv2, do NCEP/NOAA, é um dos modelos que aposta num evento muito intenso, com anomalias inferiores a -2°C. Porém, modelos como o ECMWF, continuam mantendo suas apostas num evento moderado, não passando de -1.5°C.
“A maioria dos modelos do IRI/CPC indicam que a La Niña deverá atingir seu máximo de intensidade em dezembro ou janeiro de 2021, verão no hemisfério sul, e a partir de fevereiro e março, deverá começar a perder força e gradualmente voltar a condições de neutralidade durante o outono de 2021. Dessa forma, o La Niña desse ano poderá ser forte, porém de curta duração.
IMPACTOS DE LA NIÑA E quais são os impactos da La Niña? “Muitos estudos já foram feitos no intuito de estudar eventos passados de El Niño e La Niña e inferir seus impactos no clima global, o mais recente deles foi feito por pesquisadores do IRI e publicado na revista Weather and Forecasting no mês passado. De acordo com os mapas desse estudo, sobre o Brasil há uma grande probabilidade da ocorrência de chuvas abaixo da média sobre partes das regiões Sudeste e Centro-Oeste e acima da média no norte da região Nordeste e norte/nordeste da região Norte, no trimestre de Novembro, Dezembro e Janeiro”, conclui Paola Bueno.