Após leve resfriamento da superfície do Oceano Pacífico, que teve duração prolongada, o fenômeno La Niña entrou em atividade em meados de setembro, segundo o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) – devendo ser de baixa a média intensidade, com seu pico previsto entre os meses de novembro e janeiro. Neste cenário, quais são os possíveis impactos do fenômeno à bananicultura brasileira, que é amplamente disseminada por todo o território nacional?
Nas regiões produtoras do Norte e Nordeste, o La Niña deve resultar em maior volume de chuvas no período – o que pode beneficiar produções sem irrigação ou com problemas no sistema, uma vez que ajudaria a promover a recuperação de barragens e reservatórios utilizados por bananicultores. Vale destacar, porém, que as maiores precipitações podem aumentar a necessidade e frequência de pulverizações contra doenças fúngicas, como a Sigatoka amarela.
Já no Sudeste e Centro-oeste, não existe um padrão característico quanto às mudanças climáticas, mas o período pode ser marcado por clima mais seco. Este cenário, segundo agentes do Vale do Ribeira (SP) consultados pelo Hortifruti/Cepea, pode ser prejudicial, visto que a produção dessa região ocorre em áreas de sequeiro e já sofreu com a estiagem no começo deste ano. Assim, uma queda da produtividade, mesmo que leve, poderá ser observada. Destaca-se, porém, que o clima deverá minimizar os índices de proliferação de fungos.
Por fim, a região Sul pode ser a mais afetada, já que o fenômeno deve limitar o volume de chuvas no período, podendo ficar abaixo da média histórica. Agentes do Norte de Santa Catarina consultados relembraram que, no começo do ano, essa região também havia sido prejudicada pela estiagem – visto que produz em sequeiro – e, posteriormente, por outras intempéries climáticas.
Como o estresse hídrico pode interromper processos fisiológicos dos bananais, produtores norte-catarinenses já estão adotando medidas para evitar este importuno, como a adoção de aplicações de ácidos húmicos e fúlvicos, que agem de forma a minimizar os impactos do estresse hídrico, e de fertilizantes via foliar – visto que os via solo necessitam de solubilização por água para serem absorvidos.