O sistema Integração Lavoura / Pecuária (ILP) é uma das tecnologias que os extensionistas do IDR-Paraná divulgam entre os produtores do Noroeste do Estado. A principal vantagem dessa prática é diversificar as explorações numa mesma área, bem como aumentar a produtividade da agropecuária. Em Moreira Sales alguns criadores de gado de corte já comprovaram as vantagem deste sistema.
Lairton Berti Garcia faz a integração lavoura/pecuária há três anos. A propriedade dele tem 76 hectares. Uma característica da região é a presença de solos de textura arenosa. Antes de fazer a integração, Lairton sempre enfrentava dificuldades no período do inverno. A baixa oferta de alimento para os animais, fazia com que o pecuarista se obrigasse a vender animais porque não havia pasto para o rebanho. Com isso, Lairton tinha dificuldades para reter as matrizes na poropriedade, um detalhe importante para o sistema em que ele trabalha, ou seja, a criação de bezerros.
Com o acompanhamento do extensionista Fernando Alves, do IDR-Paraná de Moreira Sales, o produtor fez algumas mudanças em sua propriedade. As áreas de lavouras, que eram deixadas em pousio no inverno, deram espaço ao capim braquiária.
Geralmente essa espécie é implantada de forma solteira, mas em algumas áreas também é consorciada com o milho safrinha. Essa forrageira serve de alimentação aos animais para esse período do ano, fazendo com que as áreas de pastagens perenes permaneçam em descanso ate o preparo para o plantio da soja.
Lairton vem colhendo bons resultados. As lavouras estão alcançando produtividade acima de 62 sc/ha de soja. Na pecuária, a taxa de lotação animal é de 4,72 Unidades Animais/ha nos primeiros pastejos do sistema de integração (abril-junho).“A partir da adoção desse sistema não precisei mais vender animais para aliviar os pastos, pelo contrário, tenho pasto sobrando no inverno e consigo reter mais fêmeas para matrizes” relata o produtor.
O extensionista Fernando Alves disse que dinâmica de trabalho mudou e a propriedade já se tornou uma Unidade de Referência para um grupo dez produtores da região. “Com o planejamento forrageiro da propriedade, alinhado ao sistema de integração Lavoura/Pecuária realizamos o plantio da Braquiária solteira em talhões ocupados com soja no verão e em outros talhões consorciamos com o milho safrinha, para que forneçam alimento volumoso após a colheita do milho. Dessa forma temos volumoso em praticamente todo o inverno”, observou.
O extensionista explicou que os talhões de braquiária solteira são divididos em piquetes com cerca eletrificada e é feito o acompanhamento da massa de forragem produzida. “Quando atinge um quilo de massa verde por metro quadrado, iniciamos o pastejo com os animais. Dessa forma conseguimos realizar um descanso nas áreas de pastagens perenes, pois os animais só retornam em setembro, quando é realizada a retirada dos animais para a dessecação da braquiária e o plantio da soja”, acrescentou Alves. Segundo ele, esta área permanece com grande volume de resíduos de cobertura proveniente das folhas, talos e raízes do capim, além das fezes e urina dos animais que pastaram no local, propiciando um bom desenvolvimento da soja, especialmente em épocas de estiagem.
Neste ano, marcado por uma grande estiagem em todo o Paraná, vários produtores tiveram problemas com a germinação das braquiárias para o sistema de integração, afetando em grande parte a oferta de volumoso e posteriormente o sistema de plantio direto com boa cobertura de palhada. “Apesar desse problema este sistema é vantajoso, em comparação à antiga prática de pousio”, ressaltou Alves.