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Produtor gaúcho se tornou bicampeão de produtividade de soja

Maurício De Bortoli produziu 123 sacas por hectare e afirma que o agricultor brasileiro não pode aceitar colher 55 sacas por hectare

Produtor de soja Maurício De Bortoli
Foto: BASF/divulgação

Os irmãos Maurício e Eduardo De Bortoli, de Cruz Alta (RS), colheram 123,88 sacas por hectare e venceram o Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) na safra 2018/2019. Eles conseguiram mais do que o dobro da média nacional na temporada passada, estimada em 53,4 sacas por hectare, e ganharam tanto na categoria irrigada (pela segunda vez) quanto geral, feito inédito na prova.

“Foi-se o tempo em que o produtor poderia aceitar de 50 a 55 sacas por hectares. Precisamos de técnicas que possamos nos ter resultados”, afirma Maurício De Bortoli. Ele destaca que grandes produtividades não estão ligadas diretamente ao investimento feito, mas a forma como se utiliza as ferramentas.

O trabalho focado em alta produtividade, segundo Maurício De Bortoli, começou em 2006, quando ele foi trabalhar na empresa da família e se deparou com os vários desafios enfrentados pela agricultura gaúcha. “Temos um solo pobre, ácido, com teor de fósforo e potássio baixos e bastante responsivo a tecnologias, mas elas têm um valor elevado. Se você não tem produtividade, é inviável”, conta.

Outro problema são os veranicos, bastante comuns na região dele, que podem chegar a até um mês sem chuva. “Buscamos na agronomia simples estratégias que visassem a manutenção da produtividade mesmo ante a falta de chuva. Intestinos no solo, em melhoria mineral, correção, calagem e perfil de solo. Levamos cálcio em profundidade e buscamos aumentar a matéria orgânica e a atividade biológica”, comenta.

De acordo com Maurício, em um momento de seca como o vivido na safra 2019/2020, isso não contribui apenas para aumentar a produtividade como também traz segurança. “Minhas lavouras estão no meio de várias outras, mas tenho uma grande vantagem devido ao histórico de manejo para vencer os desafios impostos pelo clima”, afirma.

O produtor destaca que o solo precisa funcionar como uma caixa d’água, armazenando a chuva e distribuindo durante a safra. “A nossa região recebe cerca de 850 milímetros por verão, o que é suficiente para produzir muita soja. Mesmo lavouras que receberam em 120 dias de ciclo apenas 240 milímetros ainda estão se desenvolvendo bem”, diz.

Exemplos a serem seguidos

Os irmãos De Bortoli começaram a participar do desafio do Cesb seis anos atrás e observaram quais eram as limitações para atingir a produtividade desejada. Lá, eles traçaram um caminho através de boas práticas e conhecimento. “Uma melhor contínuo dos processos promoveria a lavoura à altamente produtiva. Há vários cases fáceis de serem seguidos. Muitas vezes, o agricultor tem que buscar soluções que não estão tão perto, mas também não tão longe da propriedade”, diz.

Maurício lembra que no Cesb estão disponíveis todas as informações sobre a safra dele, desde a semente utilizada até a fertilidade do solo e manejo empregado. “Toda a técnica do campo disponível para que o produtor tire informações e use em seu ambiente”, afirma.

O comitê registrou 5.204 inscrições para a 12ª edição do Desafio de Máxima Produtividade de Soja, que corresponde ao ano safra 2019/2020. Esse número é 18,3% maior do que o realizado no ano passado, quando participaram 4.400 sojicultores.

A região Sul anotou o maior número produtores e consultores rurais inscritos, com 57% do total, seguida das regiões Centro-Oeste com 19%, Sudeste com 14%, Nordeste com 7% e Norte com 3%.

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