Ritmo da integração econômica global estagnou e há um perigoso processo de construção de muros.
Alimentos e energia são atualmente a nova desordem mundial, e o momento é de incertezas e de temores. O Brasil tem capacidade para auxiliar nos dois pontos.
Para isso, é preciso uma integração para um fortalecimento. A integração das cadeias produtivas levará a uma clara evolução.
As ponderações são de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), feitas durante o congresso da entidade nesta segunda-feira (1º), em São Paulo.
Após décadas de evolução, o ritmo da integração econômica global estagnou e há um perigoso processo de construção de muros, trazendo uma nova fase da globalização baseada em oportunismos.
Para o presidente da Abag, o momento é de elevada complexidade e com sérias dificuldades das cadeias de suprimentos globais. “Há uma clara redução no número de países com democracias, e as autocracias respondem hoje por um terço do PIB (Produto Interno Bruto) global.”
O pós-pandemia acelerou as reações populistas, e a invasão da Ucrânia pela Rússia desmontou os esforços iniciais contra os problemas globais de aquecimento e o processo de descarbonização, além de acelerar a inflação e as taxas de juros mundiais.
Isso requer do Brasil uma reflexão profunda e cuidadosa, afirma Carvalho. Um dos pontos positivos, segundo ele, é que as novas revoluções tecnológicas de energia e de alimentos nascem nas Américas, principalmente no Brasil.
Os brasileiros, com o uso intensivo dos solos tropicais, enriquecem a biodinâmica e expandem a oferta de alimentos e de bioenergia.
O Brasil tem, no entanto, problemas internos a serem resolvidos. O desmatamento e os impactos climáticos estão entre eles. A discussão é importante, segundo Jacyr Costa, presidente do Cosag (Conselho Superior do Agronegócio). Para Costa, essa discussão é necessária e precisa atingir principalmente o desmatamento ilegal.
Gedeão Pereira, vice-presidente de Relações Internacionais da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), afirma que o Brasil é o maior exportador líquido de alimentos, e o principal mercado está na Ásia, que tem 5 bilhões de habitantes. O destaque fica para a China, a maior importadora líquida de alimentos do mundo.
Costa, do Cosag, destaca que o país precisa ser mais proativo sobre temas como meio ambiente, clima e mercado de carbono. Segundo ele, é preciso haver um esforço para o financiamento de trabalhos em universidades de fora do país, como eles já fazem aqui no Brasil.
O país precisa estar junto na definição de metodologias que vão traçar diretrizes para essas questões, afirma.
Alexandre Parola, embaixador da missão permanente do Brasil junto à OMC (Organização Mundial do Comércio), diz que o país tem de estar presente em todas as mesas de discussões para participar das novas definições de mercado e não ser surpreendido pelas decisões tomadas pelos outros.