Movimento é liderado pela Federação Agrária do país que enfrenta alta inflação e escassez de diesel
Não é somente na Europa que produtores rurais estão se rebelando contra governos locais. Na Argentina, profissionais do agronegócio também demonstram descontentamento contra determinadas políticas públicas que estão sendo adotadas. Com isso, lideradas pela Federação Agrária do país (FAA), eles deflagraram uma paralisação no início da tarde de quarta-feira (13).
Inicialmente, o movimento grevista dos produtores rurais durou 24 horas. De acordo com as lideranças do setor, o interrompimento provisório das atividades agrícolas teve por objetivo chamar a atenção do governo liderado pelo presidente Alberto Fernández. Agricultores e pecuaristas reforçam a necessidade de serem colocadas em práticas medidas que visem auxiliar o desenvolvimento do agronegócio argentino.
“O campo faz parte da solução para os problemas do país” — FAA
“Houve coincidência em destacar os graves problemas que afetam os produtores agrícolas de todo o país, como a falta ou sobre preços nos combustíveis, inflação crescente, mudança de regras de jogo, falta de financiamento, falta de políticas de estado para que o produtor tenha previsibilidade para poder produzir mais”, afirma,por meio de nota oficial, a FAA. “O campo faz parte da solução para os problemas do país”, destacou a entidade.
A Federação Agrária reclamou, ainda, de que, na visão deles, o governo atual do país tem sido responsável por problemas para a população em geral. Como exemplo, citaram o “aumento dos números da pobreza”. Incertezas na política e na economia e a perda do poder de compra foram outros itens mencionados.
Além da FAA, a greve contou com apoio de outras três entidades ligadas ao agronegócio argentino: Confederación Intercooperativa Agropecuaria Limitada (Coniagro), Confederaciones Rurales Argentinas (CRA) e Sociedad Rural Argentina (SRA). O movimento dos produtores rurais argentinos foi responsável por bloquear estradas em ao menos dez cidades da Argentina:
- Chaco;
- Mendoza;
- Santa Fé;
- Formosa;
- Corrientes;
- Córdoba;
- Buenos Aires;
- La Pampa;
- Entre Rios.
A greve de produtores rurais ocorreu no momento em que a Argentina enfrenta elevação dos índices de inflação. No acumulado de 12 meses, o índice de preços no país registra alta de 60,7% — percentual mais alto em três décadas. Além disso, argentinos têm convivido com a escassez de combustíveis, sobretudo o óleo diesel, usado em grande volume pela cadeia responsável por movimentar o agronegócio.
Governo da Argentina reclama dos produtores rurais
Chefe de gabinete do governo central argentino, Juan Manzur criticou a paralisação capitaneada por produtores rurais. De acordo com ele, esse é o tipo de ação que “não leva a nada”. “Não concordamos com esse protesto”, enfatizou o político ementrevista ao jornal Clarín. Manzur ainda afirmou que está aberto ao diálogo com a categoria, admitiu problema de abastecimento com diesel, mas prometeu: está trabalhando para resolver essa questão.
“Há uma série de medidas em relação ao fornecimento de diesel” — Juan Manzur
“Há uma situação energética muito complexa em nível mundial”, relatou o chefe de gabinete do governo de Alberto Fernández. Nesse sentido, ele demonstrou otimismo com o que deverá ocorrer com a situação local. “Felizmente, isso foi resolvido. E também há uma série de medidas em relação ao fornecimento de diesel que foram tomadas”, garantiu Manzur.
Sem apresentar dados a respeito, o ministro da Segurança da Argentina, Aníbal Fernández, classificou as entidades representativas dos produtores rurais como agentes da política contra o atual governo. “Parece-me que o campo quer se opor ao atual governo”, declarou o ministro.