A safra 2021/22 de soja do Paraná apresentou mais uma piora na qualidade das lavouras na última semana, mostraram dados do Departamento de Economia Rural (Deral) na terça-feira, 21, em meio à seca que atinge a região Sul, e analistas já veem perdas de produção no Estado.
As áreas da oleaginosa consideradas boas são 57%, contra 71% na semana anterior. Já as lavouras em situação média estão em 30%, ante 23% na última avaliação, enquanto as áreas ruins já somam 13%.
No milho verão, 77% das áreas eram avaliadas como boas até a semana passada. Agora, este número baixou para 63%. As áreas consideradas médias foram de 20% para 27% e 10% são vistas como ruins, avaliou o departamento.
Nas últimas semanas, o órgão ligado ao governo estadual também reportou queda nos níveis de qualidade das lavouras em função das adversidades relativas ao clima.
Os três Estados do Sul estão sob os impactos do fenômeno climático La Niña, que tem trazido chuvas abaixo da média e altas temperaturas em diversas regiões produtoras neste mês.
O Deral divulgará sua projeção atualizada para a safra de grãos do Paraná na quarta-feira e os números devem refletir as primeiras perdas.
“Amanhã divulgaremos os números atuais de produção. Bem provável que teremos algum reflexo dessas condições climáticas”, disse à Reuters o economista do Deral Marcelo Garrido.
A analista da AgRural Daniele Siqueira disse que, na última semana, a consultoria cortou sua estimativa de produção de soja para o Paraná em 900 mil toneladas, e a expectativa passou a ser de 20,9 milhões de toneladas para esta safra.
“De lá para cá, as perdas do oeste (paranaense) aumentaram substancialmente devido à continuidade do tempo quente e seco. O sudoeste também está perdendo”, disse ela, ressaltando que o cenário deve desencadear um novo ajuste nas estimativas em janeiro.
Na mesma linha, o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque afirmou que a expectativa atual da consultoria indica produção de 21 milhões de toneladas de soja em 2021/22. Entretanto, em uma projeção preliminar, ele acredita em haverá uma queda em torno de 10%.
“Acho que a gente pode começar a falar nisso. A situação está piorando dia após dia. Os dias estão secos e vão continuar secos no Sul. Se as previsões climáticas não mudarem, acho que a situação pode ficar mais complicada nesse ano”, alertou.
Ele disse ainda que possivelmente houve replantio em algumas áreas do Paraná, mas em menor proporção, pois no período de semeadura o clima estava mais favorável.
No oeste do Paraná, a projeção é de apenas 0,5 milímetro de chuva até o dia 28 de dezembro, enquanto no noroeste a precipitação não vai passar de 1,5 mm no mesmo período.