Queda do poder de compra sobretudo dos criadores de aves e suínos prejudicou o segmento em 2021
O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) reduziu sua estimativa para o crescimento do segmento em 2021, para uma faixa entre 4% a 4,5% – no meio do ano, a projeção era de 5%.
Assim, deverão ser produzidas até o fim do ano 85 milhões de toneladas de rações. O CEO da entidade, Ariovaldo Zani, afirmou que a diminuição do poder de compra dos pecuaristas, devido ao aumento dos custos de produção, provocou retração em toda a cadeia.
O executivo lembrou, em entrevista a jornalistas, que a alta “estratosférica” da soja e do milho espremeu as margens, e a desvalorização do real ante o dólar elevou os custos de importação de aminoácidos, enzimas e outros produtos químicos que vêm de fora “Esses patamares tiraram muito do poder de compra do produtor, afetando substancialmente a rentabilidade”, afirma.
A demanda do produtor de leite não deverá crescer em relação ao ano passado, enquanto a área de ovos tende a consumir 1,5% mais ração. Segundo o CEO, os produtores desses itens foram os mais prejudicados por não conseguirem repassar os custos totalmente, uma vez que dependem do mercado interno.
Zani lembrou que a população enfrenta desemprego, inflação e juros altos, e “tem reagido contra aumentos”. Assim, pecuaristas e indústria foram obrigados a absorver boa parte da alta de custos. Ele citou a redução no alojamento de poedeiras como reflexo desse cenário.
O Sindirações projeta crescimento de 4% a 4,5% também no ano que vem, mas apenas se o cenário seguir dentro da normalidade.
“Cisnes negros” podem provocar revisões. Zani afirma que há desafios no horizonte e cita dois em especial: uma possível volatilidade do câmbio causada pelas eleições presidenciais e o aumento dos preços internacionais de químicos, por causa da migração da indústria global para matrizes energéticas renováveis, o que demanda investimento. Ademais, apesar de ver um cenário com maior disponibilidade de grãos em 2022, o CEO disse que os preços de soja e milho devem continuar em patamar “incômodo” para a indústria de alimentação animal.