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Soja: Preços sobem diante de clima preocupante no Sul do BR e na Argentina

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia com boas altas no pregão desta quinta-feira (2). As cotações subiram de 13,50 a 16 pontos nos principais contratos, fazendo com o que janeiro terminasse o dia com US$ 12,44 e o maio/22, referência para a safra do Brasil, com US$ 12,57 por bushel. Segundo explicam analistas, o mercado refletiu, em partes, um movimento intenso de compras técnicas de posições depois das baixas fortes que foram registradas ao longo da semana em função da pressão vinda do cenário macroeconômico.

E o movimento não se deu somente entre os futuros da soja, mas todos os grãos na CBOT subiram nesta quinta, liderados pelo trigo. O cereal fechou a sessão com altas de quase 30 pontos e além das questões técnicas ainda subiu frente a seus fundamentos de oferta apertada e demanda intensa. E assim, os preços retomaram o patamar dos US$ 8,00 por bushel.

Ao lado do movimento de recompra de posições, o mercado da soja subiu também atento ao clima na América do Sul. “A seca continua se desenvolvendo pelo Rio Grande do Sul e todo centro e norte da Argentina. A condição é bastante preocupante e a Argentina tem risco elevado”, explica Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios.

O modelo climático do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, mostrou nesta quinta-feira uma previsão indicando 15 dias de estiagem para a Argentina, além do Rio Grande do Sul e partes do Mato Grosso do Sul. Entre os dias 10 e 18 de dezembro, o NOAA começa a indicar chances de chuvas na região, mas ainda com volumes abaixo do ideal e que podem acontecer de forma irregular em toda área.

O informe da Bolsa de Cereales de Buenos Aires divulgado hoje apontam que o plantio da soja avançou sete pontos percentuais na última semana e que chega agora a 46,3% da área, a qual é estimada pela instituição em 16,5 milhões de hectares.

O boletim mostra ainda que 12% dos campos argentinos de soja estão em condições regulares e 88% em condições boas ou excelentes. A melhora foi evidente na semana, uma vez que o reporte anterior trazia, respectivamente, 26% e 87%.

Todavia, o cenário climático para os meses de dezembro e janeiro são os mais preocupantes, como explicou Victor Martins, risk manager da Hedge Point Global Markets, o que pode mexer não só com os preços da soja em grão, mas também dos derivados, em especial do farelo.

E complementando o cenário de altas para a soja na Bolsa de Chicago houve ainda o movimento do óleo, que fechou o dia subindo quase 3%, com olho vivo sobre o que se dá no mercado do petróleo. Ainda como explicou o diretor da Pátria Agronegócios, “a alta (do óleo de soja) se deu pela função dos produtos concorrentes. O setor de energia está muito volátil”, diz.

O petróleo concluiu a quinta-feira com altas tímidas, de quase 1%, e monitora os primeiros resultados da reunião da OPEP (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo), que hoje já sinalizou que novos cortes de produção poderiam vir pela frente.

PREÇOS NO BRASIL

Os preços da soja no mercado brasileiro acompanharam as altas de Chicago e também subiram nesta quinta-feira em boa parte das principais praças de comercialização. Foram registradas altas de até 2,7%, como foi o caso de Brasília, no Distrito Federal, levando a saca a R$ 152,00.

Nos portos, as referências também subiram. Em Paranaguá, a soja disponível foi ao R$ 168,00 e para fevereiro/22 a R$ 163,00, com ganhos de 1,20% e 1,24%, respectivamente. Em Rio Grande, altas de 1,21% e 0,63% para R$ 167,00 e R$ 161,00 por saca.

A baixa de 0,2% do dólar frente ao real acabou sendo neutralizada pelas altas fortes da CBOT, ao contrário do que se observou em alguns dias desta semana. Ainda assim, a moeda americana fechou com R$ 5,66 nesta sessão, garantindo um patamar que segue contribuindo para a formação de preços ainda elevados e remuneradores no Brasil.

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