Dóris Palma – Meteorologista da Climatempo explica que vários fatores que não são captados pelos modelos contribuíram para queda brusca nas temperaturas nesta semana
A intensidade do frio no início desta semana trouxe danos nas mais diversas culturas e já que os modelos meteorológicos não apontavam a severidade do sistema, também pegou muito produtor de surpresa. Anteriormente, os modelos indicavam que o frio seria até mesmo menos intenso do que o frio registrado na última semana de junho.
“O que acontece é um fator que se chama perda radiativa. Por exemplo, as vezes a gente pensa que o horário da temperatura mínima acontece nas primeiras horas da manhã, mas não de madrugada como muitas pessoas pensam, isso porque o sol durante a tarde aquece a superfície, a superfície aquece a atmosfora só que com o predomínio de um céu claro, todo esse calor que foi depositado na atmosfera durante a tarde rapidamente vai embora. Então esse processo de perda rápido de calor durante a madrugada e também no período da noite, ele que é responsável por essa queda brusca nas temperaturas”, comenta.
Afirma que ainda que o Brasil teve vários dias com noite e madrugada com céu mais limpo do que era previsto. “E esse céu claro combinado com essa massa de ar frio que foi o responsável. A gente previa que esse ar frio iria entrar e iria trazer geadas em diversos pontos, mas por conta da perda radiativa a queda foi muito mais brusca que o previsto”, acrescenta.
Próxima semana com frio intenso
Dóris alerta ainda que o frio deve voltar com intensidade na semana que vem. “Essa onda de frio vem chamando ainda mais atenção”, comenta. Na região Sul do país, entre os dias 27 e 31 de julho, as temperaturas em todo o Sul do Brasil devem ficar abaixo de 0ºC em várias áreas, aumentando as preocupações para áreas de trigo, que já foram impactadas com essa última geada.
Olhando para a região Sudeste do Brasil, os modelos indicam temperaturas entre 0ºC e 3ºC em São Paulo e sul de Minas Gerais. “Áreas cafeeiras novamente poderão ter temperaturas próximas de 0ºC, condição para geada”, comenta. Acrescenta ainda que as áreas de produção de cana-de-açúcar e citros têm previsão de geadas entre o final de julho e início de agosto.
As temperaturas devem cair bastante no Centro-Oeste, com destaque para o Mato Grosso do Sul, sobretudo para o centro-sul do estado que deve ter as temperaturas mais baixas. Os modelos mostram ainda declínio em Goiás e no Mato Grosso.