O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) está preocupado com um possível desabastecimento de milho no Estado, o que impactaria diretamente as granjas avícolas.
A entidade monitora a situação há meses e propôs algumas ações para o governo brasileiro a fim de evitar a escassez do grão no país. As medidas seriam de curto, médio e longo prazo visando a importação rápida do grão quando necessária e o aumento da produção nacional e armazenagem para as próximas safras.
No Paraná o clima impactou o milho. A primeira safra teve quebra de 11,7%, com produção de 3.1 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já o plantio da segunda safra foi comprometido com o atraso da retirada da soja devido a estiagem que levou ao adiamento da semeadura da oleaginosa. Grande parte das lavouras foi implantada fora da janela ideal. A projeção é de 13,5 milhões de toneladas ou crescimento de 18%.
“A safra precisa de cinco meses com chuvas regulares e não ter um inverno antecipado, porque o milho é uma cultura de verão. Estamos produzindo no inverno porque deu certo, mas em anos com geada antecipada, podemos ter uma perda maior. Nós estamos apreensivos, temos milho para poucos meses até chegar na nova safra”, alerta o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues.
Em um cenário de desabastecimento do grão, produtores de aves e suínos seriam diretamente impactados, pois o milho é um dos principais componentes da ração dos animais. Com isso, a indústria de alimentos teria que avaliar a necessidade de reduzir o abate e o alojamento, pois a produção passa a ser muito cara e incerta. Com isso os preços podem subir ao consumidor.
A entidade sugere que o governo amenize possíveis problemas desburocratizando a importação do grão e retire o PIS/COFINS da importação, por se tratar de uma questão emergencial. A médio prazo solicita uma política atrativa para a produção de milho no verão, a partir do mês de setembro de 2021, com linhas de crédito vantajosas, principalmente para o pequeno produtor e a diminuição dos juros no Plano Safra, com pelo menos 1% linearmente, com crédito a taxas mais acessíveis.
No longo prazo propõe pensar no armazenamento de grãos pelas pequenas empresas, com linhas de crédito subsidiadas, para que o produtor possa comprar milho e ter onde guardar e uma ação conjunta do Sindiavipar com as entidades representativas de outros estados produtores de carne de frango para encaminhar sugestões ao Ministério da Agricultura. O objetivo é fazer um diagnóstico da avicultura do Brasil e propor soluções práticas que promovam maior organização e eficácia na produção, a fim de construir uma política efetiva para o setor.
O Paraná é maior produtor de frangos do Brasil e responde por 38% de toda carne de frango produzida e exportada pelo país. A cadeia produtiva da avicultura paranaense é composta por cerca de 20 mil granjas, 43 incubatórios e 45 indústrias de abate. A atividade gera 69 mil empregos diretos em todo o Estado. Segundo o IBGE, somente nos primeiros nove meses de 2020 foram produzidas aqui no estado 3 milhões e 300 mil toneladas de carne de frango e em todo o ano 269 mil dúzias de ovos.