O feno é um velho conhecido dos criadores de gado. Trata-se de uma mistura de plantas ceifadas e já secas, geralmente gramíneas e leguminosas, que são desidratadas mantendo o valor nutritivo e permitindo sua armazenagem por muito tempo sem se estragar.
Diante de fatores como o alto preço dos insumos e a estiagem que diminui a oferta de alimento para o gado o feno pode ser alternativa para complementar a dieta. A tecnologia ainda é pouco utilizada no Brasil. O zootecnista da Sementes Oeste Paulista – Soesp, Diogo Rodrigues da Silva, ajuda a entender alguns aspectos e como o criador pode se beneficiar da técnica. Ele destaca que o feno pode suprir a demanda de nutrientes, auxiliando no ganho de peso na entressafra e mantendo a produção durante todo ano. “Mas, para manter esse feno por tempo prolongado preservando as características nutricionais é preciso alguns cuidados especiais. Um deles é que a forrageira esteja devidamente desidratada. Além disso, é preciso pensar no local de armazenamento. É necessária baixa incidência de luz e que não tenha umidade, sendo bem ventilado”, destaca.
Segundo o especialista o feno pode melhorar o rendimento da fazenda, do ponto de vista econômico. A produção de feno possibilita que o produtor atinja o ponto de abate de seus animais em épocas de melhor preço, por meio do confinamento. A técnica também ajuda a economizar na utilização de concentrados. Isso porque o feno com bom valor nutritivo atende à demanda nutricional do rebanho, total ou parcialmente. “Sendo assim, ocorre redução ou mesmo eliminação de suplementação proteica aos animais, principalmente se for feno de leguminosas, o que reflete positivamente nos custos de produção”, explica.
Para quem aposta no cultivo a vantagem está na facilidade de comercialização e bom preço, podendo ser alternativa de renda para a atividade pecuária. A produção pode ser realizada em pequena ou grande escala, sem a necessidade de equipamentos ou estrutura a mais. “Também é importante ressaltar que quando o corte da forrageira é realizado no momento certo (época de chuvas), ocorrerá a rebrota das plantas e isso possibilita maior produção de forragem por unidade de área”, completa Silva.
O zootecnista ainda aponta as plantas indicadas para uma boa fenação. Entre as mais adaptadas, citam-se as gramíneas do gênero Cynodon (Coastcross, Tifton, Florakirk, entre outras) e gênero Panicum (Massai, Tamani, Aruana). Essas gramíneas, além do elevado potencial de produção de forragem com bom valor nutritivo, têm caules finos, alta proporção de folhas e apresentam tolerância a cortes frequentes. Silva destaca que o produtor deve observar algumas características de uma boa forrageira para fenação:
1. a) valor nutritivo coerente com a demanda do rebanho;
2. b) elevada produção de forragem por unidade de área;
3. c) alta relação folha:caule e caules finos;
4. d) boa capacidade de rebrota após a colheita;
5. e) hábito de crescimento que facilite a colheita, ou seja, que propicie bom desempenho do implemento/ferramenta de corte.
“A gramínea deverá ser adaptada à sua região, deve possibilitar cortes mecânicos, alto teor de matéria seca, possuir boa produção de matéria seca por área, suportar cortes frequentes durante o ano e ter boa palatabilidade”, dá a dica.
Na produção o principal problema é o clima. A temperatura, a umidade relativa (UR) do ar, a velocidade do vento e a radiação solar influenciam bastante na velocidade de desidratação da forragem, interferindo, assim, no valor nutricional do feno. O melhor estágio vegetativo para o corte da forrageira coincide justamente com as chuvas: outubro a março.
O especialista explica que é importante um gerenciamento criterioso das atividades para que o clima esteja favorável à desidratação da forragem, e que ela esteja no ponto de colheita. Após o corte é necessário espalhar bem o material na área e revolver a cada duas horas para que a desidratação ocorra de maneira homogênea e rápida, normalmente neste processo se usa uma ferramenta chamada de ancinho. O ideal é que se consiga desidratar todo o material em um único dia, para não expor o material ao orvalho da noite, porém caso necessário, é recomendado juntar o máximo possível para diminuir a superfície de contato com o orvalho da noite.
O ponto de corte da forrageira irá depender do gênero e cultivar escolhido e será realizado com base no ponto de melhor valor nutritivo da forrageira e maior relação folha/talo, para isso pode ser adotada a altura de corte próxima à altura de entrada de cada forrageira. O processo de enfardamento pode ser realizado manualmente ou mecanizado, porém lembre-se de garantir que o local de armazenamento esteja sempre seco e arejado para manter a boa conservação do feno.