A quarta-feira (28) foi bastante tensa para o mercado financeiro e de commodities, que caíram de forma generalizada no cenário internacional. Quem liderou as perdas foi o petróleo, que terminou o dia com recuo de mais de 5% na Bolsa de Nova York, levando o barril a US$ 37,36. Entre as commodities, perdas de mais de 3% entre os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago e de mais de 2,5% no algodão em Nova York.
As perdas foram intensas entre todas as commodities e índices acionários em um reflexo da forte aversão ao risco que se instalou nos negócios. A soja fechou o pregão perdendo mais de 2%, ou com baixas de 16,50 a 25 pontos, nas posições mais negociadas. Dessa forma, o novembro terminou o dia com US$ 10,57 e o janeiro/21, US$ 10,54 por bushel.
Segundo explicam analistas e consultores internacionais, o peso maior vem dos temores causados pela segunda onda de Covid-19 que castiga a Europa. No continente, todas as principais bolsas de valores encerraram os negócios em queda, com as ações alemãs marcando seu pior desempenho desde junho. Os setores que mais sofreram foram construções e viagens.
LOCKDOWNS NA EUROPA
A Alemanha, inclusive, definiu por um lockdown de um mês para reverter o novo pico da doença no país. A França também já sinaliza que novas medidas de isolamento serão adotadas.
A possibilidade de novos lockdowns em países europeus preocupa e coloca em evidência, novamente, o ritmo e a força da recuperação economia mundial depois da pandemia. “Um segundo lockdown poderia ser a morte de muitos negócios que acabaram de sobreviver ao primeiro”, diz o chefe dde análises de mercado da CMC Markets, Michael Hewson, à agência internacional Bloomberg.
Assim, se acentuam e se agravam as incertezas sobre o que os mercados ainda deverão encarar pela frente, o que aumenta a aversão ao risco e reduz a exposição dos investidores em um momento como o atual. “França e Alemanha anunciando lockdowns, arriscando a economia da União Europeia e aumentando os riscos das restrição deve se espalhar e provocou esse movimento de venda generalizada entre as commodities”, explica o economista chefe do setor de commodities do Stone X Group.
ELEIÇÕES AMERICANAS
E soma-se à questão da segunda onda do coronavírus, a ansiedade do mercado antes das eleições presidenciais norte-americanas. A disputa entre Donald Trump, de acordo com as últimas pesquisas, se mostra bastante apertada, bem como se registra uma adesão dos eleitores americanos ao voto em relação a eleições anteriores.
Nos EUA, Wall Street cedeu 3% e o índice Dow Jones marcou suas mínimas desde o final de julho, com a pandemia. “A crescente pandemia e o fracasso de Washington em alcançar um acordo em torno de um novo estímulo fiscal antes das eleições de 3 de novembro levaram todos os três índices de ações a fecharem em queda de quase 3%”, informa a Reuters.
PETRÓLEO
No horizonte do petróleo, as perdas foram intensificadas não só pelo efeito da segunda onda do coronavírus na Europa – o que deve provocar uma nova e forte pressão sobre a demanda, mas também pelo aumento dos estoques norte-americanos reportados hoje pela Administração de Informações de Energia dos EUA (EIA). Na Bolsa de Londres, a commodity registrou suas mínimas em quatro meses.
“Isto é mais uma reação às preocupações com o coronavírus e o potencial de extensão dos lockdowns do que com o aumento dos estoques. As coisas foram ficando piores ao longo do dia”, explica Andres Lebow, do Commodity Researcher Group, à Bloomberg.
Membros da OPEP + (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo) já sinalizam seu temor com o fato de que possa não haver demanda mundial por petróleo para toda a produção que está a caminho.
DÓLAR
Com tanta aversão ao risco, o mercado viu o dólar disparar nesta quarta-feira, e somente frente ao real terminou o dia com alta de 1,43% e valendo R$ 5,76. A moeda americana, porém, subiu frente a uma cesta de outras divisas também.
“O dólar registrou forte alta contra o real nesta quarta-feira, fechando em seu maior patamar desde meados de maio mesmo depois que o Banco Central interveio nos mercados de câmbio com leilão de moeda à vista, refletindo a aversão a risco global e expectativas de manutenção da taxa Selic em sua mínima histórica pelo Copom”, traz a agência Reuters.
PREÇOS DA SOJA NO BRASIL
No mercado brasileiro, os preços da soja continuaram acompanhando seus fundamentos de pouca oferta e demanda ainda muito intensa e os indicativos subiram em algumas praças. Mais do que os fundamentos, a nova disparada do dólar também contribuiu.
Em Amambai, Mato Grosso do Sul, a referência subiu 3,03% para R$ 170,00 por saca; em Jataí e Rio Verde, Goiás, 2,74% para R$ 150,00; e 1,35% em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia.