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A farinha de trigo integral é melhor?

Em 2018, o cientista chileno Cristóbal Uauy, em conjunto com vários pesquisadores de todo o mundo, conseguiu publicar o mapa genético do trigo integral. Agora ele lidera de seu laboratório no Reino Unido o enriquecimento nutricional da farinha branca.

A partir daí, ele reconhece que sempre teve a ideia de alimentar o mundo de forma saudável e impactante. “Minha motivação não estava no lado nutricional como meu pai, mas no lado das plantas. Sempre tive contato com agricultura e meio ambiente”, reconhece o filho caçula de  Ricardo Uauy, médico e Prêmio Nacional de Ciências Aplicadas e Tecnológicas 2012.

Uma vez conhecido o genoma completo, a tarefa que Uauy tem em mente é o enriquecimento nutricional desse cereal. “Agora estamos investigando a produtividade, como podemos fazer trigo com maior produtividade e maior nutrição. Temos feito esforços para aumentar o teor de ferro e zinco do trigo, principalmente considerando que 20% das calorias e proteínas do mundo são obtidas aqui”, completa.

Para isso, ele e seu grupo estão usando a cisgênese, uma técnica de biotecnologia molecular que consiste na modificação genética de um organismo que recebe um gene de outro próximo que seja sexualmente compatível com ele. “Usamos um gene do trigo que nunca se expressa e conseguimos dobrar a quantidade de ferro. A farinha de trigo integral tem mais ferro em sua casca, mas também é cheia de outros nutrientes que retêm ferro, de modo que o corpo não o absorve, mesmo que ele esteja lá. Tentamos fazer uma farinha branca que tenha o ferro dentro”, explica.

“O trigo não ficou mais alergênico nos últimos 50 anos, não mudou. O que estamos misturando são os genes que existiam há 50 anos, mas não são novos, o que havia ainda está lá. O que está mudando é a maneira como comemos, é a higiene que temos, ficamos muito limpos e arrumados quando somos crianças”, conclui.

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