O resultado do estudo sobre o papel social, ambiental e econômico da sociobiodiversidade e das políticas públicas para o extrativismo mostra que os antigos conceitos ligados à produção agrícola como fator agravante para o desmatamento estão mudando. No compêndio Sociobiodiversidade: interação do homem, mercado e natureza, lançado nesta segunda-feira (31) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os diferentes públicos envolvidos neste setor podem acessar a inter-relação entre os temas e como afetam tanto a vida dos pequenos produtores que vivem da coleta quanto o bioma em que atuam.
Segundo o economista e gerente de Programação Operacional da Agricultura Familiar da Conab, Enio Souza, autor do estudo, é comum as pessoas acharem que o desenvolvimento econômico está necessariamente atrelado ao desflorestamento. “A sensação geral é de que gerar renda e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente são coisas incompatíveis. Da mesma forma como também associam as ações de preservação com atividades que não geram renda”, explica. “O nosso desafio hoje é provar que não existe mais essa dicotomia, pois a preservação e a conservação da natureza e dos recursos naturais são inclusive a principal engrenagem capaz de mover a economia no futuro”, complementa.
Além de explicar em detalhes as relações que existem entre estas diferentes áreas, o compêndio traz também um panorama sobre os instrumentos de apoio operados pela Conab, entre eles o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio) e o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF).
O trabalho é voltado à comunidade acadêmica, gestores e formuladores de políticas públicas, e busca também sintetizar o significado do termo sociobiodiversidade, além de mostrar sua importância na sociedade. “É necessário abordar o papel das políticas públicas do país nesta área, porque sem elas o extrativismo não alcança os resultados socialmente positivos que são esperados”, avalia Enio. “É essencial termos mecanismos de interferência em mercados que precisam se desenvolver e melhorar. O mundo olha para o Brasil como uma grande potência ambiental. E nós temos condições de gerar renda por meio da preservação e da conservação dos nossos recursos naturais. E a sociobiodiversidade é o termo que traduz isso”, conclui.