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Embrapa cria análise biológica capaz de antecipar problemas invisíveis no solo

A Embrapa desenvolveu uma nova técnica de análise de solo: a análise biológica. Mais do que checar a falta ou o excesso de nutrientes, essa tecnologia pode antecipar problemas que estão invisíveis e medir a sustentabilidade da produção agrícola.

O engenheiro agrônomo João Batista não encontra explicações para a alta produtividade na faixa de solo mais pobre na fazenda Ribeirão, em Itiquira, Mato Grosso. “Nós temos solos que são cultivados na fazenda com soja desde 2002, áreas com maior teor de argila, e eles têm teor mais elevado de nutrientes, principalmente de fósforo e potássio. Mas os solos que são mais arenosos têm teores muito mais baixos e apresentam tetos de produção superiores à área que vem sendo cultivada desde 2002”, diz Batista.

A resposta veio dos laboratórios da Embrapa Cerrados. Analisando a rotação de culturas, eles perceberam que análises químicas e físicas de solo não respondiam a todos as dúvidas. O segredo estava nas enzimas do solo, na análise biológica.

Para facilitar a rotina do produtor rural, a análise biológica tem protocolo parecido com a química. A coleta é feita após a colheita, o solo é secado ao ar e segue para experimentos. Se for identificada uma deficiência nas enzimas, é hora de rever processos de cultivo.

Ieda Mendes, pesquisadora da entidade, afirma que a bioanálise de solo consiste na agregação de duas enzimas: betaglicosidade e biosulfatase. “Essas enzimas são muito interessantes, porque elas conseguem indicar problemas assintomáticos de saúde do solo. Muitas vezes o solo já está numa condição de declínio e as análises químicas de solo não mostram esse declínio, porque não é um problema na química do solo,  mas na biologia do solo”, afirma a especialista.

Nove laboratórios comerciais nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais já foram habilitados pela Embrapa para realizar as análises biológicas do solo. Atualmente, os parâmetros do teste estão formatados para solos do Cerrado e em cultivos anuais de grãos, como a soja. Contudo, a pesquisa segue em desenvolvimento para que mais regiões e culturas possam contar com a tecnologia.

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