No Brasil, estima-se que há mais de 300 espécies de abelhas nativas. Alem de produzir mel os insetos têm extrema importância para a agricultura. Cerca de 70% dos cultivo dependem das abelhas para polinização e, consequente, produtividade. O assunto foi debatido em uma live com o tema Mulheres no Agronegócio Sustentável através do Processo de Polinização com Abelhas, promovido pela Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel) e que contou com a presença da Ministra da Agricultura Tereza Cristina, nesta quinta-feira (6).
O papel dos polinizadores na agricultura
Segundo o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, a intervenção de polinizadores em cultivos de café favorece um aumento de 30% no rendimento desse cultivo. As abelhas são o grupo de polinizadores mais abundante na agricultura, pois visitam mais de 90% dos 107 principais cultivos agrícolas já estudados no mundo.
Os dados também estimaram que o valor econômico dos polinizadores para a agricultura é de R$ 43 bilhões. O número leva em conta os gastos que os produtores teriam caso não houvesse a polinização natural. A soja responde por 60% do valor estimado, seguida pelo café (12%), laranja (5%) e maçã (4%).
Bioinsumo
A ministra Tereza Cristina destacou que o Brasil tem grande potencial quando o assunto é polinização e precisa trabalhar mais essa questão. “Poderíamos ter uma atuação muito mais efetiva e maior nesse setor. A polinização ser usada como bioinsumo é uma coisa nova temos um espaço enorme para trabalhar mais esse assunto”, disse.
Ela acredita que a polinização pode entrar como um bioinsumo, incentivado pelo Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em maio. A mesma opinião foi compartilhada pela presidente da Abemel, Andressa Berretta que acredita que a profissionalização do setor impulsiona não só o mel mas também o uso de polinizadores, colocando o país como exemplo. “As abelhas podem ser essenciais como políticas públicas para ajudar a criar a consciência de como podemos evitar a geração de carbono para o ambiente, o consumo de água só usando as abelhas como insumo para aumentar a produção”, destaca.
No aspecto produtividade das culturas o café vem mostrando bons resultados. Dados da Startup Agrobee referentes à safra 2019/2020 mostraram um aumento médio de 20% na cultura de café que teve a polinização assistida e inteligente promovida pela empresa. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) destaca que o uso de polinizadores no café possibilitou economia no uso de outros recursos e agregando valor aos produtos.
Os primeiros testes com polinizadores no café começaram em 2017 e os resultados mostraram pelo menos 8 sacas a mais por hectare. Os testes sensoriais preliminares também vem apresentando bons resultados, especialmente no teor de açúcares. Os resultados finais devem sair ao término da colheita.
“Não é só aumento de produtividade mas a diminuição do uso de recursos naturais que mostra extrema sustentabilidade e o nível de alimentos que entregamos para o mundo sem necessariamente aumentar as áreas que precisamos para fazer isso. Os produtores já estão animados em se engajar nesse processo a partir da próxima florada, em setembro” ressaltou a diretora-executiva da BSCA, Vanusia Nogueira.
A ministra ainda comentou sobre o Selo Arte para produtos artesanais provenientes da apicultura e meliponicultura (mel, própolis ecera), que deve ser regulamentado em breve pelo Mapa. O selo permite que os produtos artesanais de origem animal sejam comercializados em todo o território nacional.