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Nuvem de gafanhotos: vento muda em direção ao Rio Grande do Sul

A chuva está mantendo a nuvem de gafanhotos no chão e impedindo o combate, na Argentina. Enquanto isso, produtores da fronteira do Rio Grande do Sul estão de prontidão, temendo que a mudança de ventos em direção ao Brasil possa trazer os insetos para o Brasil.

Segundo o fiscal agropecuário Juliano Ritter, da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, o vento nesta terça-feira, 30, mudou para sentido sudoeste, com rajadas de 20 quilômetros por hora. “Bem em direção ao estado”. Segundo ele, a sorte está na temperatura mais baixa, que diminui a mobilidade dos gafanhotos. “É o que está nos ajudando”, completa.

O professor Mauricio Paulo Batistella Pasini, doutor em Entomologia e pesquisador da Universidade de Cruz Alta (Unicruz), afirma que o mau tempo não elimina os gafanhotos. “A chuva apenas impede a migração. Os gafanhotos ficam onde estão e voltam a migrar depois que a chuva passa. O que elimina os insetos é o frio. A partir de cinco graus, já eliminaria alguns indivíduos. Mas, para o clima acabar com a nuvem, seria preciso frio abaixo de zero”.

Setor se preparando para eventual problema

O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) deve enviar nesta terça-feira, 30, ao Ministério da Agricultura sua contribuição para o Plano Nacional para Contenção da Praga de Gafanhotos. O trabalho vem sendo feito desde a última semana e abrange dados sobre as características dos insetos e sua voracidade, as formas de combate em cada estágio e a tecnologia disponível no país.

O sindicato também reforça os requisitos legais para as empresas aeroagrícolas operarem, desde registros e licenças ambientais até a formação mínima da equipe – que, além do piloto especialmente formado para isso, precisa ter um agrônomo coordenador e pelo menos um técnico agrícola com especialização na equipe de solo.

O texto preliminar recomenda ainda a exigência de tecnologias de ponta como fluxômetro (controla o fluxo de produto de acordo com a velocidade do avião), bicos e atomizadores com capacidade para gerar o tamanho correto de gotas e ainda sistema de posicionamento via satélite com sinal diferencial (DGPS) com capacidade de gravação de toda a operação. Isso para citar alguns itens. Além das técnicas de combate, de preferência, com os gafanhotos no solo, ao fim da tarde ou início da manhã (quando a nuvem se condensa em área menor). E, em casos especiais, sobre a nuvem em voo.

O Sindag também reforça a necessidade de uma rede de monitoramento permanente de insetos – tanto nascidos no país quanto a aproximação e nuvens vindas de fora. “Agora o Mapa deverá avaliar e propor as alterações e acréscimos necessários, juntando ao restante do plano, que está sendo preparado pelos técnicos da entidade”, explica o presidente da entidade, Thiago Magalhães Silva.

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