A comercialização antecipada de soja da safra 2020/21 pelos produtores brasileiros registrou forte avanço em março, a um nível recorde para o período, diante de uma melhora nas cotações do produto e da alta na taxa de câmbio, disse nesta quarta-feira a consultoria Datagro.
Segundo dados da empresa, as vendas da oleaginosa da nova safra atingiram 19,9% da produção esperada, superando com folga o nível visto em mesmo momento do ano passado (5%), a média histórica de cinco anos (3,8%) e o recorde anterior, de 2016 (8%).
Considerando as estimativas da Datagro para a temporada 2020/21, de produção de 128,9 milhões de toneladas, cerca de 25,7 milhões de toneladas já teriam sido comercializadas antecipadamente.
“O esperado comportamento positivo médio dos preços foi confirmado, e com folgas. E a forte melhora das cotações, gerada especialmente pela explosão da taxa de câmbio, fez com que os produtores retomassem com força o interesse de venda”, disse em nota o coordenador da Datagro Grãos, Flávio França Júnior.
O dólar tem operado em máximas históricas frente ao real. Apenas no primeiro trimestre deste ano, a divisa norte-americana marcou uma valorização de 29,44%, a maior alta trimestral em 18 anos.
Na mesma toada, os negócios da safra 2019/20 também ganharam impulso no período, chegando a 71,5% da produção esperada, à frente dos 51,8% compromissados no mesmo momento do ano passado e do recorde de 59,5% visto em 2016.
O salto nas vendas antecipadas de soja 2019/20 entre os relatórios de março e abril da Datagro foi de 13 pontos percentuais.
MILHO
A comercialização antecipada de milho também se fortaleceu em março. O cereal da safra de verão 2019/20 atingiu vendas de 43,8% da produção, salto de mais de 20 pontos em relação ao relatório anterior, superando os 32% vistos tanto em igual período do ano passado quanto na média histórica.
Já as vendas da safra de inverno 2020 bateram 54% da produção esperada, puxada pelo desempenho de Mato Grosso (80% da safra vendida).
A alta é mais modesta na comparação com o mês anterior, de 9 pontos, mas ainda assim superando igual período da safra passada (39%) e a média histórica (37%).
“Os negócios foram generalizados no último mês, especialmente favorecidos nas praças onde houve melhora maior das cotações”, destacou França Júnior.