A semana deverá ter um mercado da soja influenciado por questões internacionais, como o avanço do coronavírus, o aumento das retenciones na Argentina, escalada do dólar e o relatório do USDA, que será divulgado amanhã.
Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na semana. As dicas são do analista de Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque:
- O mercado de soja acompanha os demais mercados mundiais e mantém suas atenções centralizadas na questão envolvendo a epidemia de coronavírus ao redor do mundo. Paralelamente, os players avaliam a evolução da colheita e a situação da safra brasileira, além da questão envolvendo o aumento das “retenciones” na Argentina. O relatório do USDA de março, que será divulgado no próximo dia 10, completa o quadro de fatores;
- Os mercados continuam bastante voláteis diante das informações que indicam aumento de casos de coronavírus em grandes economias mundiais. O aumento do risco de impactos econômicos em todo o mundo leva o mercado financeiro a um momento de correções negativas, contaminando os demais mercados. Bolsas, petróleo e commodities sentem os efeitos e operam no “vermelho”, com investidores migrando para opções mais seguras. Tal fato impede a retomada do patamar de US$ 9 nas primeiras posições da soja em Chicago;
- Em contrapartida, o dólar rompe diariamente máximas históricas frente à moeda brasileira. Este fator, aliado a prêmios de exportação sustentados por uma demanda aquecida pela soja brasileira elevam o patamar de preços pagos no mercado interno brasileiro em um momento de entrada de safra, onde as cotações costumam sentir os efeitos negativos da sazonalidade. O momento é de oportunidades para a ponta vendedora, tanto para volumes da safra atual quanto da nova. O fator dólar torna-se, mais uma vez, fundamental para as negociações, e deve ser aproveitado. É possível que o dólar continue subindo, mas cada vez menos ele tem espaço para isso;
- No lado fundamental, o mercado avalia a safra brasileira, que apesar de registrar alguns problemas no RS, está se consolidando como uma nova produção recorde. Na Argentina, a falta de umidade começa a trazer alguns problemas, mas ainda é cedo para se falar em perdas relevantes. No país vizinho, a questão central agora é o recente aumento das retenciones para o complexo soja argentino. Tal fato, além de tirar competitividade dos produtos argentinos no mercado internacional, deve levar a uma diminuição da área a ser plantada com soja na próxima temporada, o que é fator positivo para Chicago no segundo semestre;
- O USDA de março não deve trazer surpresas para o quadro americano, mas pode trazer um pequeno corte na expectativa de produção do Brasil. Mesmo assim, o relatório deverá trazer apenas impactos momentâneos para Chicago.