Os mercados brasileiro de soja e milho começam 2020 com preços altos e oportunidades importantes para o produtor brasileiro. A virada de ano mostra um momento de intensidade principalmente para o cereal, que registra preços acima dos R$ 50,00 por saca na B3 e ainda acima dos R$ 87,00 para a oleaginosa nos portos nacionais.
E como explica o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest, o produtor tem capturado estes bons momentos, efetivando bons negócios. Segundo ele, e como já adiantaram também outros especialistas ouvidos pelo Notícias Agrícolas, a crise entre EUA e Irã que tomou conta do noticiário e do mercado financeiro desde a última semana ainda não abala o bom momento no cenário nacional.
SOJA
Para a soja, os negócios acontecem em quase todas as principais regiões produtoras do país, à exceção do Rio Grande do Sul, onde os problemas com a seca deixa o sojicultor um pouco mais reticente neste momento, evitando comprometer um percentual grande da safra.
“A estratégia mais viável para esse momento, se o produtor não precisa fazer caixa com essa soja, é vender contrato futuro novembro e dólar futuro. Ou seja, se o prêmio local se comportar de acordo com os últimos anos, a tendência natural é de que os preços da soja subam de R$ 12,00 a R$ 14,00 por saca no interior do Brasil”, diz Araújo. Essa é uma operação de ‘custo e carrego’. O produtor mantém sua soja armazenada e faz um hedge, com o risco, ‘apenas’, no andamento do prêmio local.
Na Bolsa de Chicago, as cotações fecharam o pregão desta quarta-feira (8) com leves altas – de 2,75 a 3,25 pontos nos principais contratos – com o março valendo US$ 9,47 e o maio, US$ 9,60 por bushel.
Os traders na CBOT seguem focado na expectativa da assinatura da primeira fase do acordo comercial entre China e EUA e qual o volume de soja que efetivamente será comprado pelos chineses nos EUA. A data prevista é 15 de janeiro.
Para Araújo, a competitividade do Brasil deverá ser mantida, mesmo diante com o acordo efetivado entre chineses e americanos.
MILHO
Para os preços do milho, o momento é ainda mais forte, também motivado por um desabastecimento e pela demanda muito agressiva, principalmente internamente, e depois de exportações muito fortes registradas em 2019.
Como explicou Marcos Araújo, o Brasil conta com estoques de apenas 4 milhões de toneladas para um consumo mensal de 5,5 milhões. Quem tem milho agora, “está sentado em cima” e aproveitando as melhores oportunidades de venda.
“Os preços no interior do Brasil já se comportam de R$ 4,00 a R$ 5,00 por saca acima da paridade de exportação”, explica o analista da Agrinvest. O poder de compra dos demandadores – tanto no setor do etanol, mas, principalmente no de proteína animal – é bem maior neste momento e favorece ainda mais o quadro.
Assim, uma boa alternativa para o produtor neste momento é compra de uma PUT com strike nos R$ 40,00 e venda de uma CALL a R$ 45,00 para participar de eventuais melhoras no mercado ou se proteger das baixas.
Para o executivo, os preços fortes do milho deverão seguir até meados de maio, quando na sequência começa a chegar a oferta da safrinha, esfriando o mercado.