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Preço da carne deve parar de subir, mas não cai, estima Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica (IPEA) prevê que o preço da carne para o consumidor deverá se estabilizar a partir de fevereiro do ano que vem, mas estima que ele não irá cair. Foi o que disse, ontem (19/12) o diretor de macroeconomia do órgão, José Ronaldo Souza Junior, ao apresentar as previsões econômicas para 2020.

“O preço da carne não cai, só para de subir”, afirmou o economista. Souza Junior lembrou que a alta expressiva do preço da carne ocorreu por conta do crescimento inesperado da demanda chinesa pelo produto, que viu a oferta interna desaparecer diante de um surto de peste suína africana. Com isso, demandou o mercado brasileiro a exportar carne bovina.

“A oferta demora a reagir. Você não consegue aumentar a produção do dia para a noite. Então, houve um ajuste de preço para se aproximar do preço internacional. O preço [no mercado brasileiro] vai se acomodar, mas no nível de preço mais alto”, disse.

Em novembro, as carnes foram os principais responsáveis pela alta da inflação, que ficou em 0,51%. O produto subiu em média 8,09%, e representou quase metade da inflação oficial do mês.
Segundo o economista do Ipea, o preço da carne bovina no Brasil deve se acomodar após janeiro.

“A nossa perspectiva, avaliando todos os indicadores do setor, é que até janeiro siga tendo impacto no preço ao consumidor. No atacado já arrefeceu. A gente só não espera uma queda neste preço [para o consumidor final]”, reforçou.Com a estabilização do preço da carne, o Ipea prevê que a inflação de alimentos, que foi acelerada em novembro por conta dos impactos nas exportações do produto, deverá ser menor que a deste ano. Para o acumulado em 2019, o órgão prevê que ela fique em 4,2%, caindo para 3,76% em 2020.

Projeções econômicas

O Ipea aumentou sua previsão de crescimento econômico do Brasil em 2019 de 0,8% para 1,1% e projetou que, em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do país irá crescer em 2,3%.

“A gente está e um momento mais claro de recuperação da economia”, enfatizou o diretor de macroeconomia do Ipea, José de Souza Junior, ao apresentar as projeções.

Segundo o economista, a alta de 0,6% no PIB do terceiro trimestre surpreendeu, diante da previsão de crescimento de apenas 0,2%. Este resultado, segundo ele, foi o que mais influenciou na alta da expectativa do PIB para 2019. Para o quarto trimestre, o órgão estima crescimento de 0,4%.

Por trás desta alta, segundo Junior, estão a aprovação da reforma previdenciária e a queda da taxa de básica de juros (Selic) que chegou ao seu menor patamar histórico, de 4,5%.

Ele destacou que a queda dos juros impactou diretamente no consumo do brasileiro, que já vinha sendo beneficiado pela recuperação, embora tímida, da massa salarial no país, puxada pela retomada do mercado de trabalho.

A projeção de alta do PIB para 2020, explicou o diretor do Ipea, foi baseada em dois fatores principais: a manutenção da política monetária, com a Selic baixa, e o aumento da confiança de investidores na continuidade das reformas estruturantes em análise pelo governo.
Questionado, Junior apontou que as principais reformas a serem tocadas são:

  • o pacto federativo, relacionado à questão fiscal de estados e municípios
  • a tributária, que tende a reduzir custos de produção e consumo
  • a administrativa, que poderá aumentar a eficiência do setor público
  • a abertura comercial, que tornaria o país mais competitivos

O diretor do Ipea disse que a projeção do órgão pende mais para um cenário conservador e que o crescimento econômico pode ser ainda maior dependendo da agenda política.

“Se conseguirmos aprovar mais rapidamente as reformas e, com isso, melhorar bastante fortemente a confiança a gente pode ter um crescimento maior que 2,3%”, disse.

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