Idealizador do projeto de mapeamento da safra de grãos nos Estados Unidos, Ignacio Ciampitti esteve no Brasil, em setembro, no 5º Congresso Sul-Americano de Agricultura e Máquinas Precisas, realizado em Não-Me-Toque. O pesquisador da Universidade do Estado de Kansas (K-State, na sigla em inglês) deu detalhes sobre o desenvolvimento da iniciativa no Rio Grande do Sul, que começou neste ano.
Como surgiu o projeto nos Estados Unidos?
Inicialmente, nos perguntamos como poderíamos melhorar o processo de geração de informação em relação à predição da produtividade. Dados mexem com o mercado, controlam o preço dos produtos e também são muito úteis para tomada de decisão do agricultor, como a venda da safra. Nos questionamos como tornar essa informação mais apurada, ou mesmo antecipá-la, antes mesmo do USDA. Então, começamos a cruzar imagens de satélite e dados do órgão oficial e, assim, passamos a testar e validar modelos de prognóstico.
Como está o desenvolvimento no Brasil?
Começamos no início do ano a fazer estimativas retrógradas da safra de soja do Rio Grande do Sul, voltando no tempo para validações. É um projeto-piloto ainda, estamos trabalhando com satélites de baixa resolução. Agora, em um segundo momento, firmamos parceria coma CCGL, que fará a coleta de informações como localização das culturas, áreas de milho e soja, data de emergência das plantas e produtividade. Esses indicativos serão usados para aperfeiçoamento da ferramenta.
E por que prever a safra com antecedência é importante?
Tem múltiplos aspectos. Primeiro, agricultores têm de fazer decisões durante a safra. Se aplicam fungicidas ou inseticidas, por exemplo. Dados confiáveis são fundamentais. O segundo ponto refere-se ao armazenamento dos grãos. Se for possível prever com acurácia qual o tamanho da colheita, o mesmo poderá ser feito em relação ao armazenamento. Com isso, governo, produtores e cooperativas poderão planejar políticas voltadas à logística.
Quanto tempo será necessário para concretizar o projeto no Rio Grande do Sul?
Sou muito otimista. Penso que, no máximo em dois anos, já teremos um modelo preditivo da safra agrícola. Com a colaboração de muitos parceiros, públicos e privados, teremos um produto de muita qualidade rapidamente.