O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que as conversas entre autoridades dos Estados Unidos e da China nesta quinta-feira caminharam “muito bem” e ambos os lados tiveram uma negociação “muito, muito boa”.
Trump deu a declaração a repórteres na Casa Branca depois que negociadores de alto escalão dos EUA e da China se reuniram pela primeira vez desde o fim de julho para tentar aliviar a guerra comercial que já dura 15 meses.
Os grupos de negócios expressaram otimismo de que poderiam encontrar um termo comum que permita adiar um aumento de tarifas dos EUA, agendado para a próxima semana.
Acordos de “colheita antecipada” de nível inferior, em relação a questões como moedas e proteção de direitos autorais, foram possíveis, apesar das diferenças entre as duas maiores economias do mundo, disse um funcionário da Câmara de Comércio dos EUA, informado por ambos os lados.
Myron Brilliant, chefe de assuntos internacionais da Câmara, disse a repórteres que os negociadores estavam “tentando encontrar um caminho para um acordo maior” com menos controvérsias quanto ao progresso no acesso ao mercado e à propriedade intelectual, além de outras questões.
“Acredito que exista a possibilidade de um acordo cambial esta semana. Acho que isso poderia levar a uma decisão do governo dos EUA de não propor um aumento nas tarifas em 15 de outubro”, afirmou.
O presidente dos EUA, Donald Trump, enviou outro sinal otimista sobre as negociações, tuitando esta quinta-feira que se encontraria com o principal negociador da China, o vice-primeiro-ministro Liu He, na Casa Branca, na sexta-feira.
“Grande dia de negociações com a China”, disse Trump no Twitter. “Eles querem fazer um acordo, mas eu quero (fazer)?”
O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, e o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, cumprimentaram Liu nos degraus do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), perto da Casa Branca, na manhã desta quinta-feira.
As negociações continuaram durante o almoço.
Constantes escaladas das tarifas de produtos chineses e norte-americanos afetaram os mercados financeiros e alimentaram o medo de uma recessão global.
Os índices, no entanto, aumentaram com o otimismo de que as negociações renderiam pelo menos uma trégua parcial, com o S&P 500 subindo 0,64%, e o Nasdaq subindo 0,6%.
“GRANDE SINCERIDADE”
O clima em torno das negociações azedou no início desta semana, quando o governo dos EUA colocou 28 agências de segurança pública, empresas de tecnologia e vigilância, incluindo a fabricante de equipamentos de vigilância por vídeo Hikvision, em lista de produtos que sofrem restrições de comércio, sob alegações de abuso de minorias muçulmanas na China.
Washington também restringiu vistos para certas autoridades chinesas, acerca da mesma questão, e disse que Pequim planejava estreitar as restrições de visto para cidadãos estadunidenses com vínculos a grupos anti-China.
Mas as autoridades chinesas indicaram mais disposição para negociar e evitar novas escaladas de tarifas, segundo relatos da mídia estatal chinesa.
“O lado chinês veio com grande sinceridade, disposto a cooperar com os EUA sobre a balança comercial, acesso ao mercado e proteção do investidor”, disse a Xinhua, citando Liu na quinta-feira.
O Departamento de Agricultura dos EUA disse nesta quinta-feira que exportadores privados relataram uma venda rápida de 398 mil toneladas de soja para a China, parte de uma enxurrada de compras que o principal comprador da oleaginosa mundial fez desde que concedeu isenções tarifárias a alguns importadores para comprar soja dos EUA como um gesto de boa vontade.
O Departamento de Agricultura norte-americano também registrou vendas recordes de suínos, incluindo 18,8 mil toneladas para remessa neste ano e 123,3 mil toneladas para remessa em 2020.