Há oito anos, os pecuaristas Sérgio Adriano Corrêa e Odair José Barbosa conduzem sua propriedade conjunta, em Califórnia, no Norte do Paraná, a partir do sistema silvipastoril – que integra árvores, pastagem e gado. De lá para cá, o negócio deslanchou. O número de cabeças de bovinos da raça angus por hectare saltou de duas para 20. Mais que isso. O sistema trouxe maior conforto ao rebanho e melhorias ao solo. A partir disso, os produtores adotaram outras técnicas que, juntas, tornaram a propriedade mais lucrativa.
A mudança na propriedade começou a ser esboçada em 2005, quando ambos cursaram o Programa Empreendedor Rural (PER). A partir de iniciativas do SENAR-PR e do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), os pecuaristas conheceram as técnicas do sistema silvipastoril. Como eram vizinhos de cerca, decidiram juntar parte de suas propriedades – 16 hectares – e administrá-las de forma conjunta, integrando o rebanho ao plantio de eucaliptos.
Os produtores começaram a apostar em correção do solo e implantaram linhas duplas de eucaliptos a cada 27 metros. A modalidade trouxe mais conforto climático aos animais, o que provocou um melhor desempenho do rebanho. De quebra, o sistema manteve o solo protegido em fenômenos climatológicos extremos. Em agosto, por exemplo, uma geada devastou propriedades vizinhas. Os 16 hectares conduzidos na linha silvipastoril não foram afetados.
Além disso, os produtores ainda podem, de tempos em tempos, comercializar a madeira proveniente do sistema, concretizando uma renda extra. Hoje, os eucaliptos estão com oito anos e altura entre 20 e 25 metros. O solo também é beneficiado pela matéria orgânica das folhas e ramos que caem e pela fixação de carbono por meio da fotossíntese das árvores.
“A gente praticamente quadruplicou a rentabilidade na propriedade, em relação à quando começamos com o sistema silvipastoril. Foi um sistema bem vantajoso”, aponta Barbosa. “Tem todo esse benefício do conforto animal, além de ter essa proteção para a pastagem. No frio, ela segura a geada. No calor, deixa um ambiente melhor para os animais. Além disso, tem o dinheiro que a venda dos eucaliptos rende no futuro. Só tem benefícios”, define Corrêa.
Antenados, Sérgio e Odair colecionam participações em Dias de Campo, do programa Pecuária Moderna, desenvolvido em parceria por uma série de entidades, como o Sistema FAEP/SENAR-PR. A partir dessas experiências, os sócios já implantaram outras técnicas, como adubação e melhoramento do solo e a divisão dos pastos, por meio da adoção de um sistema rotativo de pastagens.
“As técnicas que a gente está aplicando têm dado uma resposta imediata. Essas iniciativas do SENAR-PR, da Emater e de outras entidades nos trazem muita informação. Tudo isso ajuda a ir melhorando a rentabilidade”, aponta Barbosa.
Hoje, a propriedade em Califórnia é voltada à terminação dos bovinos da raça angus. Além desta, Barbosa mantém outras áreas em Apucarana, no Norte, para a cria de animais. Corrêa tem outra propriedade em Ortigueira, também no Norte. A intenção dos pecuaristas é aplicar essas técnicas nas outras fazendas e apostar em um elemento que consideram que vá ajudar a alavancar ainda mais a rentabilidade: o melhoramento genético.
“Com isso, vamos comercializar um animal de ainda mais qualidade, com um plus, com genética melhorada. Isso deve agregar valor à nossa produção”, diz o pecuarista.