A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) divulgou comunicado oficial recomendando que os produtores tenham cautela com o uso da nova tecnologia Xtend, que introduza resistência ao herbicida Dicamba. A preocupação é que se repitam no Brasil alguns problemas do produto registrados nos Estados Unidos, principalmente a deriva. Confira a nota na íntegra:
Comunicado aos produtores de soja sobre o uso de Xtend e Dicamba
Produtores de todo o país estão sendo convidados pela Bayer a participar de testes com a nova tecnologia Xtend para sementes de soja a partir desta safra. Essa tecnologia é tolerante ao Dicamba, um herbicida para plantas de folhas largas muito utilizado nos Estados Unidos para o controle de ervas daninhas. Porém, pesquisas de campo indicam que o Dicamba tem apresentado problemas relacionados à deriva nas lavouras norte-americanas.
Tendo em vista que a soja é a cultura mais sensível ao herbicida, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e suas associadas estaduais orientam os sojicultores a buscarem com a empresa informações sobre os impactos do uso deste produto em suas lavouras.
A empresa está prometendo inserir a biotecnologia em materiais mais produtivos do que os atuais. Apesar de representar um atrativo ao produtor, ele não fica obrigado a usar o herbicida. Isso porque, segundo pesquisadores brasileiros, há outros produtos para controle de ervas daninhas no Brasil. Nos Estados Unidos, onde a tecnologia já foi lançada, as ervas daninhas são diferentes das existentes no Brasil. Lá o Dicamba se constitui em ferramenta essencial.
O Dicamba é um produto com regras de uso muito mais complexas para aplicação do que qualquer outro defensivo agrícola, o que, consequentemente, apresenta mais riscos ao ser aplicado. Um dos problemas é o alto potencial de volatilização.
O herbicida volatiliza e pode causar deriva se for aplicado em dias com temperaturas acima dos 29 graus celsius, umidade do ar abaixo dos 40%, ventos acima de 16 km/h e em dias com inversão térmica. Se houver deriva na aplicação, os efeitos sobre a soja não tolerante são danosos.
Nos Estados Unidos mais de 2,7 mil reclamações foram abertas nos órgãos de controle por sojicultores que não usavam a biotecnologia e que tiveram lavouras atingidas pelo herbicida aplicado em fazendas vizinhas.
O risco de injúria é real e os prejuízos serão inevitáveis se atingirem plantas em fase reprodutiva. A larga janela de plantio no Brasil propicia que isto ocorra, o que não acontece em território norte-americano, onde o plantio é feito em 15 dias. Mesmo lá, muitos produtores passaram a adotar a tecnologia para se protegerem da deriva.
A Aprosoja Brasil e suas associadas estaduais querem evitar que os problemas verificados nos Estados Unidos se repitam no Brasil. Portanto, é importante que os produtores, ao participarem de eventos-testes, questionem a empresa e seus técnicos sobre as formas seguras de aplicação desse produto e os impactos se o herbicida for aplicado nas condições climáticas encontradas no Brasil.
Essas informações já foram levadas ao conhecimento do Ministério da Agricultura e da Embrapa. Tudo isso está sendo feito para proteger nossas lavouras, produtores e aplicadores e para garantir a rentabilidade dos produtores e a sustentabilidade da sojicultura nacional.