O alimento concentrado é uma alternativa ao milho como fonte de energia nas dietas, por exemplo, em confinamentos
A polpa cítrica é o subproduto da indústria de processamento da laranja para a extração do suco. O insumo pode ser utilizado na dieta de bovinos como fonte de energia e fibras. No caso dos ruminantes, as fibras atuam na manutenção da motilidade ruminal e servem como estímulo à ruminação.
De maneira geral, verifica-se que não existe efeito da substituição parcial ou total do milho por polpa cítrica nas diferentes fases de criação (cria, recria e terminação). Ou seja, não foram constatadas diferenças no ganho de peso dos animais, porém, em alguns estudos, a conversão alimentar foi inferior na ração com polpa cítrica. Mas vale ressaltar que, mesmo em casos de menor conversão, a polpa cítrica pode ser uma alternativa interessante para o produtor quando o preço e as condições de frete estiverem atrativos.
Dessa forma, o alimento concentrado é uma alternativa do milho, principalmente em São Paulo, principal produtor de laranja do país, e regiões vizinhas. Nesse caso, a questão do frete é um ponto importante para a viabilidade do uso do produto.
Outro ponto importante é a época de disponibilidade de polpa cítrica, que é a partir de maio, quando começa a safra de laranja no país. Até maio, a disponibilidade interna de milho ainda é baixa no Brasil, já que a colheita da segunda safra ganha força em junho, o que faz da polpa cítrica uma opção para o pecuarista que precisa do insumo mais cedo.
Com relação aos preços da polpa cítrica, eles seguem a sazonalidade de oferta do produto (safra e entressafra), mas acompanham de perto a tendência e as movimentações das cotações do milho, que é o principal alimento energético consumido e, portanto, acaba balizando as cotações dos demais produtos para essa mesma finalidade.
Isso significa que a correlação entre o preço do milho e da polpa é bastante elevada. Se o preço do milho sobe, a tendência é de alta também nas cotações da polpa cítrica. O contrário também ocorre.
Mercado
Os preços da polpa cítrica se mostraram firmes no primeiro quadrimestre do ano.
Além do mercado em alta para o milho no período, a baixa oferta de polpa cítrica deu sustentação às cotações. Basicamente, o que tinha de polpa disponível no mercado eram os baixos estoques da safra passada.
Desde abril, no entanto, com o milho em queda no mercado brasileiro, os preços da polpa cítrica cederam. Mais recentemente, em maio, já foram verificadas ofertas do produto da safra nova, o que aumentou a pressão de baixa sobre os preços da polpa, conforme apresentamos abaixo:
Figura 1. Preços médios do milho e da polpa cítrica em São Paulo, em R$ por tonelada, sem o frete.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, em maio, a tonelada do insumo ficou cotada, em média, em R$ 438,00 em São Paulo, sem o frete.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, a polpa está custando 6,8% menos este ano.
Para o pecuarista, a relação de troca está em 2,8 arrobas de boi gordo para a compra de uma tonelada de polpa cítrica. Além da queda no preço do alimento, o boi gordo está em um patamar mais alto.
Com isso, o poder de compra frente ao insumo melhorou 15,9% em relação a maio de 2018. É meia arroba a menos por tonelada adquirida, conforme demonstra a figura abaixo.
Figura 2. Relação de troca: arrobas de boi gordo por tonelada de polpa cítrica em São Paulo.
Para curto e médio prazos, a expectativa é de queda no preço da polpa cítrica, com a safra da laranja avançando e a pressão também no mercado de milho.