Após terceira safra consecutiva, levantamento do SENAR-PR mede benefícios do Manejo Integrado de Pragas
A lavoura de soja da família Rodrigues Ferreira se estende por 1,4 mil hectares em Cambará, no Norte Pioneiro do Paraná. Toda a produção dessa área é controlada por meio do Manejo Integrado de Pragas (MIP), técnica de acompanhamento da cultura que utiliza agentes biológicos naturais presentes na plantação – como insetos, aracnídeos, fungos e bactérias – para combater pragas nocivas ao cultivo. A prática promove o uso racional de defensivos agrícolas, que passam a ser aplicados em menor escala. O resultado disso pode ser sentido no bolso do produtor: o MIP tem como um dos reflexos diretos a redução do custo de produção.
“O MIP coloca o controle da lavoura nas mãos do produtor. Serve tanto para a pequena, média, e grande propriedade”, diz o sojicultor Fábio Rodrigues Ferreira. “É sustentável do ponto de vista ambiental e financeiro. Eu não abro mão”, acrescenta.
A percepção do produtor é corroborada pelo levantamento recém-concluído dos resultados do Programa Inspetor de Campo em MIP Soja, desenvolvido pelo SENAR-PR, em parceria com a Emater e Embrapa Soja. A iniciativa começou a ser aplicada há três safras – no ciclo 2016/17 – e, desde então, nos talhões que foram conduzidos a partir das práticas do MIP houve redução do número de aplicações de defensivos agrícolas. No aspecto financeiro, essa economia com agroquímicos vem resultando na redução dos custos de produção.
Na última safra (ciclo 2018/19), o MIP chegou a 43 turmas, de diversas regiões do Paraná. Cada participante aplicou as práticas de Manejo Integrado de Pragas em um talhão de pelo menos cinco hectares, conforme determina a metodologia do programa. Nessas áreas, o número de aplicação de agroquímicos caiu 55%: em média, foram 1,9 aplicação ao longo da safra, enquanto nas lavouras conduzidas de modo convencional (sem MIP) o número médio de aplicações chegou a 3,4.
Em um dos exemplos, além da redução do número de vezes em que foi necessário ministrar defensivos agrícolas à lavoura, um dos produtores-referência utilizado no levantamento do SENAR-PR também gastou menos com sementes na área administrada com MIP. Com isso, o corte nos custos de produção foi de R$ 131 por hectare. Nas outras duas safras desde que o programa está em operação, os resultados foram semelhantes, o que reforça a consistência dos benefícios dessas práticas de manejo.
“Esse acompanhamento da lavoura permite uma maior confiança na tomada de decisão em relação à necessidade de aplicação, contribuindo para a racionalização do uso de inseticida. Isso havia sido deixado para trás por causa da ‘calendarização’ da utilização dos defensivos”, aponta Flaviane Medeiros, técnica do SENAR-PR e responsável pelo programa. “Entre outros elementos, os resultados levam a um custo de produção menor e, consequentemente, o aumento do lucro por área”, completa.